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As Caminhadas do Ventor

Pelos Trilhos da Memória

As Caminhadas do Ventor

Pelos Trilhos da Memória

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O Ventor saiu das trevas para caminhar entre as estrelas.
Ele continua a sonhar, caminhando, que as estrelas ainda brilham no céu, que o nosso amigo Apolo ainda nos dá luz e que o nosso mundo continuará a ser belo se os homens tentarem ajudar...


Depois? Bem, depois ... vamos caminhando!


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Ventor entre as Flores

13.08.04

A Tasca do Carrasco


Ventor

Ainda sobre a tasca do meu amigo Carrasco, local que enquanto tiver memória nunca esquecerei, sempre que regressava ao meu ninho, tinha uma visita obrigatória à Tasca.

Ali recebia os abraços da gente da terra que tropeçava em mim e isto, porque eu nunca dizia que ia - apenas, chegava! Ali se bebiam uns copos, era preciso não quebrar a tradição e ali eu revia parte da família, pois o Carrasco era casado com uma minha prima direita e, portanto, era meu primo.

Era ele que tinha o Correio, era ele que tinha o telefone, e era ele que recebia e enviava as boas e as más notícias para todo o Mundo, notícias que tinham a ver com a nossa terra e as suas gentes!

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 Esta é a porta da saudade, qe nos mata a alma ao vê-la fechada. Há dias, Julho de 2006, estive lá e só vi tristezas!

Foi ali que eu recebi a primeira notícia da morte de um tio que, por ondas electromagnéticas eram levadas até Soajo e depois subiam a montanha na forma de telegrama. Normalmente as notícias eram más e começavam os choros. Foi ali que chegou a notícia da morte do meu irmão num acidente militar, e foi dali que partiu para o Mundo, a mesma notícia e que o Mundo recebeu como sendo a minha morte em África.

Sim eu sou apenas o vivo que já foi chorado morto! Assim, na véspera do Terror do 11 de Setembro 2001, enquanto eu comia o bolo da pedra da saudade, eu via passar pela minha retina, todo o ambiente da antiga Tasca, das malgas cheias de vinho que circulavam de boca em boca - era a rodada (nessa altura não se temia a SIDA, nem nada de semelhante), via os cavalos chegados montanha acima, vindos de Soajo, subir os 3-4 degraus que os levava a entrar tasca dentro e também beber o seu copo, em forma de sopas de cavalo cansado!

Ali, se ouviam as notícias da minha gente que chegavam a França, a salto, ou dos que ficavam presos pelo caminho sem nunca terem saído de terras de Espanha! Normalmente o regresso é sinónimo de alegria, mas ali, muitas vezes, o regresso era portador de muitas tristezas. Os dinheiros gastos, e eram tão poucos, para chegar a terras de França, significavam mais pobreza, mais dívidas, maiores compromissos e significavam também passar a conhecer quão bela é a palavra solidariedade! "Não desistas, o dinheiro não te vai faltar. Pagas-me quando o tiveres"! "Ó Carrasco, enche aí a malga"! Como eram belas as gentes da minha terra! Como se sonhava! Como caminhamos todos para o precipício do Mundo, para a dispersão, para a diáspora!


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A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira

13.08.04

A Tasca da SAUDADE!


Ventor

Esta é a tasca da saudade. Nesta tasca já não se joga mais à sueca, à bisca ou seja ao que for! Esta foi a primeira tasca da minha vida. Aqui se jogava, se cantava, se lutava, se dizia mal da vida, se chorava e, como numa igreja, muitas vezes se gritava pela ajuda divina!

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 A Loja do meu grande amigo Carrasco   

Aqui me despedi de muitos que partiram para todos os "cantos do vento". Hoje, sei que não mais verei muitos deles, outros nunca mais vi e não sei se voltarei a ver. Mas chorei ao olhar esta foto. Chorei por todos que não vão caminhar mais a meu lado!


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A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira