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As Caminhadas do Ventor

... por aí

As Caminhadas do Ventor

... por aí

No cabeçalho, a ponte romana de Cangas de Onis, sobre o rio Sella. Uma maravilha por onde caminharam romanos, árabes e tantos outros.


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Um lago de Covadonga que retrata as belezas dos Picos da Europa, nas Astúrias


O Ventor saiu das trevas para caminhar entre as estrelas.
Ele continua a sonhar, caminhando, que as estrelas ainda brilham no céu, que o nosso amigo Apolo ainda nos dá luz e que o nosso mundo continuará a ser belo se os homens tentarem ajudar...

Depois? Bem, depois ... vamos caminhando!

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Vem aí o S. Pedro

Passou o Sto. António e o S. João, e não me parece que tenha havido grandes divertimentos nas ditas festas popuçares. Eu vi, na TV, as marchas descer a Avenida da Liberdade, mas as caras presentes são sempre as mesmas! Os bairros esfalfam-se a tentar divertir-nos nesta anarquia política, todos vão dando umas coroas para manter essa espécie de tradição de conveniência. Linda por acaso, e não sou nem deveria ser contra a que o povo mais triste da Europa, segundo conveniência de uns e dos mais alegres segundo a conveniência de outros, se divirta.

Mas as caras dizem-nos tudo. As caras dos padrinhos, as caras nas bancadas, tornam-se tão rotineiras que não me parece que haja outra opção. As bancadas da Avenida foram tomadas de assalto, já há alguns anos, sempre pelas mesmas caras. Não vou falar delas porque todos as conhecem, mas também não sou candidato a destroná-las. Apenas falo delas para vos dizer que são sempre os mesmos a divertir-se. Ou melhor, a aproveitar os divertimentos dos outros!

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Olha bem Marquês, como a malta se diverte, e como há tantos a aproveitar-se disso. Mas, eu sei, eu sei, que tu daí também saberás apreciar as festas do nosso S. António.

Nas marchas populares de Lisboa houve quem abancasse, tal como na política! Nesta, uma espécie de castas assenhorou-se do prato de lentilhas, só que o raio do prato já só se lhe vê o fundo e lentilha aqui e ali. Lentilhas dera-as Deus! Mas os golutões gulosos olham as lentilhas com olhos esbugalhados não vá alguém fazer rodar o prato para apanhar o máximo. Agora, a cambada do costume parece que não usa garfos para não se espetarem! Serão capazes de não se espetar?? Convido-vos a esperarem e a observar!

Mas as minhas recordações estão com o S. João. Era tempo de banho e não calculam como a minha gotinha se desviava da malta! As raparigas tinham mesmo de ir ao rio! Os rapazes levamvam-nas à força. E se não fossem ao rio era no meio da calçada, dos trilhos, da rua que levavam com um recepiente de água pela cabeça abaixo! Pelo S. João não se podia ser mulher em Adrão! Até rima! Mas havia outras nuances!

Os carros de bois, também iam ao rio! Era para lhe fazer inchar os eixos! Tenho na mente o ti Brasileiro, um grande amigo meu, mas por azar já entrado na idade e a tentar enfrentar os putos reguilas que nós éramos! Disse-me que o carro dele não iria ao rio pois iria dormir junto dele, no palheiro. E foi mesmo!

Quando íamos buscar o carro, ele mandou uma grande vergastada com a sua vara de carvalho no carro e nós só paramos o mais longe possível. Depois veio a estratégia do Ventor. Era tão simples!

"Ele pensa que nós nunca mais lá voltamos, por medo, mas quem tem medo fica em casa e nós ainda estamos cá fora. Seguimos no retrocesso e entramos na corte silenciosos como leopardos à caça. Resultou!

O Ti Brasileiro (por ter estado no Brasil), português de Adrão, não segurou as pestanas e convicto que nós não voltávamos, por medo, foi dormir no palheiro no meio do feno. Chegamos e pegamos no carro, silenciosamente, e ele só deu por isso quando já íamos a sair a porta da corte. Já só apanhou o carro no rio, junto à ponte de Adrão, de molho, pois claro! Isto sim, era tradição! Era uma beleza o nosso S. João".

Depois, no caso das moças, elas eram muitas vezes protegidas pelas mães. Azar! A água chegava para as duas! Viva o S. João!

PS. - Ainda hoje tenho na retina os raminhos de S. João. Umas florzinhas azuis, redondinhas que nasciam nos socalcos das nossas lavouras. Para minha infelicidade, ainda não foi este ano que fui matar saudades delas!

 

 

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A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira

Os almoços

Pura coincidência ou não, ainda não vai ser desta que vou conhecer as mais jovens das minhas amigas, encontradas via Net! Especialmente a Formiguinha e Grilinha a quem espero que corra tudo bem, uma vez que não diz nada e o Sto. António já acabou há uma eternidade. Não sei quem vai a esse almoço, mas só gostaria de vos dizer que ainda tive esperanças de participar nele a vosso lado. Talvez um dia isso se venha a proporcionar. No entanto, há deveres familiares e de grande amizade que se sobrepõem a certos eventos por muito importantes que sejam. Iremos ter outras oportunidades, certamente!

Um dia convidei um amigo que não conhecia a não ser em circunstâncias semelhantes a estas nossas actuais a vir a minha casa. Lanchamos ele, a mulher e a filhota, eu e a minha mulher. Mas verifiquei que ele ficou desapontado por eu não ter lá o Quico. Se soubesse, nessa altura, o que sei hoje, teria vindo buscar o Quico à Amadora, pois não sabia que não viríamos a ter outra oportunidade em tanto tempo. Mas o Mundo dá muitas voltas e se essa oportunidade ainda não apareceu, certamente que ainda se proporcionará, com o Quico. Ainda ando com essa atravessada!

Mas a nossa vida moderna é difícil. Por umas e outras razões, muito difícil! Nem sempre corre como nós queremos. Como disse à Formiguinha estarei um pouco a Norte de Santarém, mas estarei também convosco. Vou ter uma festa de arromba e espero que a vossa seja igual à minha, pelo menos na forma como ela está programada e que espero se concretise. Gosto muito da minha família e ela vai estar muito bem representada neste dia para festejarmos os anos de alguém que muito merece e eu não poderia faltar. Foi tudo organizado de repente e antes eu pensei que poderia estar no vosso almoço e na outra parte, à noite, aqui na Amadora. Mas tudo mudou, de repente, e a festa foi levada para longe. Daí, eu nunca me comprometer! Só o faço pela certa e, mesmo assim, às vezes, falho! Para todas as que estiverem no almoço da Formiguinha, beijinhos, meus e do Quico. Para todos que estejam presentes, abraços. Deixo-vos aqui uma flor a que costumo chamar ...

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 ... bandeiras ao alto! Ela é nossa companheira de caminhada nas margens das estradas. Um belíssimo almoço para vocês.

 

 

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A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira

À Lobo

Há alguns dias atrás, ao atravessar a passadeira para peões. à minha porta, com um saco de lixo na mão, senti uma terrível pancada na barriga da perna esquerda e quase anichei no meio da via.


Tacteei mas não caí, e a primeira coisa que fiz, mal me recompus, foi olhar o estrago que o tiro fez. Para mim, a primeira impressão é que tinha levado um tiro na perna.


Ao mesmo tempo que tentava não anichar no meio da rua, olhei em volta, passeio, janelas, portas e não vi ninguém de arma na mão ao mesmo tempo que me lembrei que não ouvi tiro nenhum. Mesmo assim, baixei os olhos para a barriga da perna e a perneira das calças estava intacta. Portanto, calças sem furo, pensei, não tinha mesmo havido tiro!


Os carros que à minha esquerda tinham parado para eu passar, ficaram estupefactos a olhar-me a contorcer-me de dores no meio da via, sem capacidade para me mover. Um rapaz de mota, chegou-se pelo meio dos carros até junto de mim e perguntou-me o que me aconteceu. Disse-lhe que pensei que tinha levado um tiro na perna, mas vistas as coisas, só poderia ter sido uma pedrada. Mostrei a barriga da perna e tinha uma negra, mas dentro dela só eu percebia a severidade da pancada.O meu músculo tinha-se desarticulado.


Saí do meio da rua e, quase de rastos, lá levei o saco do lixo. Uma vizinha da janela, disse ao marido que o amigo Ventor terá tido mais um grande problema de coluna! Vim para o meu carro, para levar a minha mulher á fisioterapia e logo que ela desceu e viu a minha máscara, queria desistir, mas eu lá a levei. Afinal a dor era na barriga da perna, mas o mecanismo funcionava! Ainda arranjava forças para grunhir de dor e fazer baixar a embraiagem!


Deixei-a na fisioterapia e como ela ia ter com uma amiga para beberem o café juntas, disse-lhe que vinha para casa fazer o meu tratamento. Cheguei a casa, gelo, pomada de silício, em vez de voltaren, mais gelo, e lá vou eu a coxear até ao carro. Andei assim alguns dias e ainda não passou, mas já pareço um lobo! Já caminhei na serra de Sintra a coxear, já controlei os meus pica-paus a coxear e, já passei tardes inteiras, dentro do carro a ver esvoaçar os gaios e de vez em quando, dou urros diabólicos devido ao meu tratamento, à lobo, sempre que me esqueço do meu dói-dói!


Sempre que tive problemas fiz tratamentos à lobo. Já torci pés e fui eu que os endireitei à lobo. Quando tirava a chapa em Lisboa os especialistas ficavam parvos quando eu lhes contava as minhas histórias. Uma vez torci um pé e, mesmo assim, para não molhar os ténis no rego de regar o milho, saltei do rego da água para cima do muro ao lado. A laje dançou e eu dancei com ela e só ouvia o pé a desfazer-se todo.


Por fim, em Lisboa, na Av. Da Liberdade, três dias depois, o médico que se chama (va) Corte Real, disse-me para nunca mais lá aparecer depois de fazer tanto estrago. E não! Fiz e continuo a fazer tratamentos à lobo! Mas nunca esqueçam: ouçam o que eu digo mas não liguem ao que eu faço. Apenas me tenho saído bem. Imagino quanto sofrem os lobos, meus companheiros de Caminhada, sem assistência hospitalar, sem médicos, sem enfermeiros, ... sem nada! Mas eles comem o barro e o barro está cheio de silício. Sem saberem tratam-se, e ... bem!

 

 

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A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira

Que seca!

Hoje fui a S. Pedro de Sintra beber um café e comer um travesseiro. É uma das minhas caminhadas preferidas, à sempre linda Sintra. Passei algum tempo a observar as silvas e a pensar nas amoras e no Eugénio Andrade e no seu poema sobre as amoras. Afinal, também é meu, pois ninguém mais que eu terá vivido tão intensamente as amoras das silvas.

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Flores de silvas e amoras a nascer

Depois, como não podia deixar de ser, fui até à Lagoa Azul. Mal que entrei no local da Lagoa, encontrei dois GNR's a observar a água, mas de semblante triste. Olhei a Lagoa, desejei Bom Dia aos homens e disse-lhe logo: «estamos lixados»! Eles olharam-me, mediram-me, perceberam,

e o mais próximo, disse: "pois estamos"! Inteligentes aqueles GNR's!

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A Lagoa estava assim

 Dei a minha volta à Lagoa coxeando e assim tive mais tempo para observar os meus amigos. Dois milhafres apareceram para me dizer olá (e disseram mesmo!), mas com a fome que estavam nem me quiseram olhar mais. Os cágados sairam fora da água só para me espreitarem e dizerem-me que gostavam de me ver por lá!

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Rapaziada venham ver o Ventor!

Depois foram as libélulas e os peixes. Fizeram passagens à minha volta uns e subiram quase à superfície outros.

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 As libélulas, eram muitas e quase todas azuis

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Este amigo diz que as águas estáo paradas e já começa a faltar o oxigénio! 

Mas no meio desta bicharada toda cantavam as rolas e os pombos e ouvi o mais belo de todos os sons. Quando apontava a máquina para um pombo que tinha pousado ao meu lado, num pinheiro alto, esqueci-me logo dele, pois logo por ali, ouvi um picapau a martelar com o bico na madeira.

Ando de volta dos ninho dos picapaus, dois, mas já há mais de 40 anos que não ouvia o som deles na execução do seu trabalho. Uma maravilha da natureza! Ouvi o seu som de trabalho e a sua conversa comigo. Nem toda a gente conhece o som do picapau quando ele nos quer ver longe. Depois, mais à frente, já afastado da Lagoa, procurei as minhas carrascas e uma ave esvoaça sobre mim e só pelo gesto, disse logo à minha mulher: «olha para aquele pinheiro, está lá um picapau». Colocou-se por detrás do galho a observar-nos e depois vimos ele partir de abalada. Na minha terra só vi picapaus verdes mas por aqui eles são brancos pretos e vermelhos como este.

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Está no Site do Quico este amigo do Ventor.

 

 

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A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira

Dia de Portugal

10 de Junho, era o dia de Portugal!

Hoje não sei se ainda é! Sabem porque? Cada vez me parece mais o dia do "oportunismo"! Se alguém quiser fazer a retrospecção que eu já fiz, mas guardei para mim, porque senão ... Bom! Não acreditam? Podem crer! Já ouve quem ameaçasse os blogs e eu não quero fazer nada para isso.

Mas sempre poderei dizer alguma coisa! Ouço o povo na Rádio, na Televisão, na Rua, no café, ... e julgo que, pelo menos, por enquanto, só uma coisa safa a geração política que resultou da Abrilada de 1974! Sabem o que é? Adivinhem!

Se não adivinharem depois eu digo-vos! Mas temos de reconhecer que todos eles se pavoneiam sugando o suor do povo. Todos eles de um extremo ao outro, se pavoneiam enquanto apenas e só nos mataram a única coisa que ainda poderíamos ter ... A Esperança! Até essa nos levaram!

 

 

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A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira