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As Caminhadas do Ventor

... por aí

As Caminhadas do Ventor

... por aí

No cabeçalho, a ponte romana de Cangas de Onis, sobre o rio Sella. Uma maravilha por onde caminharam romanos, árabes e tantos outros.


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Um lago de Covadonga que retrata as belezas dos Picos da Europa, nas Astúrias


O Ventor saiu das trevas para caminhar entre as estrelas.
Ele continua a sonhar, caminhando, que as estrelas ainda brilham no céu, que o nosso amigo Apolo ainda nos dá luz e que o nosso mundo continuará a ser belo se os homens tentarem ajudar...

Depois? Bem, depois ... vamos caminhando!

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Os anos do Tomás

O Tomás fez os seus três aninhos. Mas o Tomás não gostou da surpresa! A surpresa, eram a Patanisca e a Malagueta e tudo começou na rua! O Tomás diz que pataniscas e malaguetas só gosta das que a avó Júlia faz. Avó não, visavó! As avós também fazem pataniscas muito bem feitas, mas essas ele já conhece! Agora uma Patanisca destas, tornou a surpresa demasiado grande.

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A visavó e suas excelências

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Quando o Ventor chegou já a surpresa estava na rua

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A Joana é desafiada a intervir na festa ...

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... e aceita!

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Claro que a malta diverte-se!

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A Patanisca e a Malagueta já têm uma ajudante e que ajudante! Assim não vão falhar de certeza.

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E a Joana diz: «então vamos ao trabalho»!

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E agora é que vai começar o verdadeiro divertimento. Sim, porque a festa é deles!

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A malta participa na festa e o Tomás já começa a alinhar  ...

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... e todos já fazem a sua crítica.

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A Joana está disposta a voltar a colaborar

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A malta continua a diverter-se ...

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... e a Joana, pensa que aquilo é com ela

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Voltou lá, mas levou parceiro de arromba

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Parecem juízes da velha e nova Albion

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A Joana diz ao seu parceiro que devem fazer tudo para não ficarem mal vistos. Afinal trata-se de um espectáculo para o Tomás!

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Ele olha para a Patanisca e diz: «vamos levar isto a rir».

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O Tomás está a pensar que, desde que a Joana esteja no palco, tudo será diferente.

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A Malagueta diz para a Patanisca. « a corda»? E ela responde que não estava a dormir. Pois não, era apenas a corda, instrumento da brincadeira.

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Corda daqui e corda dali, mas o Tomás não achava grande piada.

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Acabou a paródia da corda. Já não era sem tempo, pensava o Tomás. Não era mesmo o seu dia!

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«Que chatice», dizia o Tomás!

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Vou mas é ter com o Ventor.

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A malta divertia-se e ...

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... o Ventor lá convenceu o Tomás de que a festa é para ele. Regressou!

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O Ventor subiu e fotografa de cima para baixo. A festa continuava na rua.

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Agora vamos ao trabalho! Arrumar a festa e leva-la para cima. O Ventor já lá está!

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Ah! Aqui, no meu covil, já as coisas têm outra visibilidade!

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Para que te deu? Mascarem-se mas não contem comigo!

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Também tu, Mariana?

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Esta malta está doida varrida. Se eu me ia borrar todo com aquelas porcarias para depois ser metido na banheira. Livra!

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Ainda bem que a festa muda de rumo!

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Por este andar, nunca mais posso dedicar uns minutos ao meu amigo Pumba!

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Esta parte da festa também nunca mais acaba!

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Ainda bem que estes gajos já perceberam que tínhamos de mudar de rumo!

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As minhas amigas já tomaram outro rumo. Ainda bem que essa surpresa de «Pataniscas e Malaguetas» não é para mim. Vamos divertirmo-nos!

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Fogo! Estava a ver que não!

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Olha, lá está aquela outra vez!

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E estava! Desta vez era de pandeireta. Parecia uma romeira da Peneda cansada da viagem, mas com música, é outra coisa!

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Ela sabe bem que se não agradar a todos, basta-lhe agradar ao Ventor. Ele adora pandeiretas!

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Assim, sim!

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Oh, Ventor, disto é que eu gusto!

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Mas que lixarada!

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Ah! Assim já estou divertido!

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Olhem para isto!

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A cusca da Maria Teresa, não perde pitada da festa.

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O Ventpr diz que nós somos os homens de amanhã. Temos de aprender com as asneiras que estes gajos fazem hoje!

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Voltemos a rastejar no meio destes papelinhos bonitos.

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Vamos Tara. Pode ser que nos safemos no meio desta malta.

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Olha o Ventor vai tirar outra foto.

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Muito se diverte esta malta!

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Ai, Ventor que dia!

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Aparece amanhã, para jogarmos uma batota qualquer, ok? Hoje foi por demais, e então com uma Patanisca e uma Malagueta, logo a seguir ao almoço, não fiquei muito bem. Não te esqueças de voltar amanhã!

 

 

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A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira

Monsanto

Um dia, vindo de Lisboa, escaldado da broca da minha dentista, deu-me para ir procurar os meus amigos esquilos ali em Monsanto, fazendo um desvio, em vez de regressar a casa e chatear o Quico com a minha dor de dentes. A nossa dona estava em Sesimbra com a Joana e a avó. Encostei o carro, e fui atascar à tasca do lado.

Mal entrei no recinto da tasca, uma esplanada, à porta, debaixo de uns pinheiros, ouvia, nos pinheiros, o cantar estridente das cigarras. O empregado vê-me de máquina na mão a perscrutar o pinheiro, em cima, mas nada. Entrei, bebi um refrigerante, recebendo logo ali, uma lição sobre dor de dentes e bebidas frias, bebidas quentes ... Conversei, paguei, a bebida, não a conversa, e disse: "agora é que eu vou apanhar uma"! «Ninguém as vê, diz ele». Assim foi. Cá está ela!

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Uma cantora dos átrios, em Monsanto. Agora que as cigarras estão de regresso ao seu mundo mudo, já estou a ficar com saudades dessas minhas cantadeiras

 

 

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A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira

O Ventor e as Tascas

Nas minhas caminhadas, eu vou sempre entrando em alguma tasca onde possa matar a sede. Desde as tascas mais insólitas às mais sofisticadas.

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Há, até, quem fique à porta, a cheirar o copo, como este nosso amigo

E é engraçado porque nada mais simpático ou mais degradante do que as conversas nas tascas. Ali fala-se de tudo desde a surrapa que se bebe até das preocupações das nossas marias, dos nossos bichos e, infelizmente, também de coisas más que nunca acabam como as guerras.

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Já derrubamos muros e agora vamos exterminar os arames farpados!

Um dia destes, eu ia a caminho de uma tasca ali por Belém e encontrei esta flor que logo fotografei junta do arame farpado. Ia um homem a passar e apesar de ainda não ser meio dia, começou a olhar para o objecto do meu interesse e, um pouco cambaleante, disse qualquer coisa que eu não percebi e a minha resposta foi: "será que o arame farpado é para cercar a flor"? Ele olhou-me nos olhos e retorquiu numa linguagem das escolas do meu amigo Baco:

"Não me admiraria muito. Mas olhe que elas já derrubaram muros, espero que não se deixem apanhar por arames farpados"! Fiquei a pensar nas flores que derrubaram muros, como os nossos cravos, e outros cravos por esse mundo fora e fui logo a correr contra um dos maiores muros que o mundo viu crescer, não contra invasores de má índole, mas sim contra a liberdade. Montei-me nas asas do vento e voei até Berlim nos meus pensamentos vagos. E o meu interlocutor segiu rua abaixo com o leme fora do sítio, mas deixou-me a pensar. Será que as flores vão ser capazes de destruir todos os arames farpados que nos cercam?!

 

 

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A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira

O Baptismo da Joana

8 de Setembro foi um dia em cheio para a Joana. Dia de anos e dia de Baptismo. Ela assim decidiu e quando se pode, nada como o cumprimento de uma vontade. Ela viu o Tomás baptizar-se e ficou sempre a pensar naquilo. Foi um ano menos uns dias de pensamento activo e até pensou qual o Padre. Mas antes, na véspera, houve um ensaio. Quis jantar com o Ventor, a sós, na mesa da sala. O restante pessoal entreteve-se na cozinha. Quis jantar com o vestido do baptizado que tinha experimentado. Ensaio, jantar, conversa e truz. Caiu para o lado, exausta. Mas ela fartou-se de conversar comigo. Parecia que tinha dado um pulo de anos, ter por aí uns 15 e não 5. Manteve várias conversas de pessoa crescida, sempre actualizadas.

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O cansaço venceu-a

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 Ela diz que esta velinha era para lhe iluminar o caminho

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Agora sim. Vai começar o seu grande dia

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A prima faz-lhe companhia neste grande dia

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Ela continua a caminho da festa e o Ventor só tem olhos para ela. Ele e a máquina

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E ela parece um modelo, só tem olhos para o Ventor e a máquina

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Temos a igreja, só para nós

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Depois tomou conta da área reservada ao seu amigo - o Padre. Diz que ali é preciso muito respeitinho ...

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 ... mas mantém-se activa

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Diz também: "a partir de hoje vou fazer um pacto com o Senhor e a Virgem Maria. Eles vão ser sempre meus amigos e eu Deles

 

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A partir deste momento, o pacto está feito

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Agora ela conversa com o Padre sobre tudo o que quer saber

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Depois, tal como está escrito, no reino dos homens, deve reinar a paz

 

 

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A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira

Senhora da Peneda

A Senhora da Peneda é uma romaria no Norte de Portugal. É uma romaria que dura de 1 a 8 de Setembro de todos os anos. No dia 6 de Setembro era, e penso que ainda é, o apogeu da festa.

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Nossa Senhora da Peneda 

Faz hoje muitos anos que eu andei por lá, quando da minha Carta de Alforria! Há poucos anos ainda andei lá na romaria; há três anos, fui lá, no último dia, para fazer uma sardinhada e confraternizar com amigos perdidos no tempo mas não no coração e não tive onde poder fazer o braseiro, e bem! Era proibido e voltamos para fazer a sardinhada no Carvalho de Eixão.

 

 

O Carvalho de Eixão

Quando eu nasci, já aquele carvalho era grande e velho! À sua sombra descansavam os romeiros que convergiam para aquele caminho de Santiago! Mas há coisas que não me saem da cabeça! Antigamente, durante os meus anos de criança, penso que não haveria romaria no Norte de Portugal que tivesse mais fogo de artifício ou não, que a da Senhora da Peneda. Sabem quantos fogos (incêndios) houve? Se a memória não me falha, zero!

O Cruzeiro da Portela. Era aqui que se deitava os foguetes, frente à Senhora da Peneda

Quando eu era miúdo, os romeiros que se dirigiam à Peneda, passavam na minha aldeia, Adrão, carregados de canas de foguetes prontas a estoirar. Passavam mesmo naquilo que poderei chamar de Av. Principal e por debaixo da minha janela. Passavam de dia e de noite enroscados numa mézinha anti-cansaço e cheios de vontade de fazer fulia!

Tocavam as concertinas, ouviam-se as pandeiretas, era estridente a presença dos cavaquinhos e os ferrinhos, enferrujados ou não, ouviam-se também. Cantava-se e dançava-se a caminho da Senhora da Peneda! Claro que as pessoas eram jovens eram romeiros que levavam as suas músicas para a festa da Peneda, mas a festa fazia-se pelo caminho! Mesmo assim, quando lá chegavam, ainda apareciam com vontade para tocar, cantar e dançar!

Para trás tinha ficado Adrão e o Ventor, à espera dos estrondos que me iriam acordar logo de seguida

Só da minha aldeia, Adrão, à Peneda, são duas horas a andar bem e, para trás, antes de chegar à minha aldeia, a mais próxima, Soajo, ficava a hora e meia o que davam 3 horas e meia! Mas as pessoas caminhavam desde muito mais longe de todo o Concelho de Arcos de Valdevez e de mais longe. Como hoje os peregrinos se metem à estrada para chegarem a Fátima, assim era com os romeiros que iam até à Peneda.

Só que não havia estradas. Os caminhos eram entre as montanhas, de pedra em pedra, à biqueirada e não havia calçado que resistisse. No Cabaz das Merendas, para muitos rumeiros, tinha de caber sempre um par de calçado suplente. Eu, ao pegar no sono, era logo acordado por cantares ao desafio e pela sinfonia da música em que o som da concertina prevalecia e era assim todos os dias de 1 a 8 de Setembro. Quando um grupo de romeiros passava, logo despejava os seus fogos para cumprir as suas promessas na Portela, a montanha que fica entre Adrão e a Peneda.

Do lado de lá, para as bandas de Castro Laboreiro eram os que vinham do lado de Melgaço e Monção e mais os que vinham de Espanha a fazer os seus estoiros de artifício de noite e de dia. Hoje, não se vai a pé à Peneda a não ser que tenham de pagar alguma promessa. A estrada esventrou as montanhas, as concertinas e afins não se ouvem, as cantorias ao desafio, pelo caminho, acabaram e os fogos são proibidos. Sabem porquê?

Hoje em Portugal não se trabalha! Os animais que roíam os matos, cabras, vacas, ovelhas, cavalos ... desapareceram, ou estão reduzidos a uma pequena amostragem, e os donos que os orientavam foram à procura de melhor vida ao mesmo tempo que partiram à conquista de mundos. Penso que, na Peneda, já não se canta nem se dança! Reza-se por melhores dias e para que Nossa Senhora nos mantenha, embora longe uns dos outros, unidos. As romarias eram festas e preces, hoja as romarias são só preces! E mesmo só para isso, vão de carro. Eu também já só vou de carro à Peneda. Se quiser ir a pé, terei de o fazer sózinho porque ninguém irá comigo!

 

 

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A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira