Hoje é dia de S. Martinho. Vamos à Adega ao vinho!!
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A torneira continua a verter água-pé para os clientes
Por isso, como nos meus velhos tempos, quem pode, vai à Adega e prova o vinho! Mas hoje levantei-me e fui à procura de Baco porque, quando o S. Martinho apareceu e se tornou famoso, já eu e Baco estávamos fartos de grandes bacanais. Ainda me recordo do Evoé Baco, que Júpiter gritava na Guerra dos deuses contra os Gigantes quando Baco se batia galhardamente contra o terror de então.
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Este amigo, das escolas de Baco, hoje não tem mãos a medir. Está a ajudar o empregado da Dona Rita
Um dia Baco lembrou-se das ninfas que o criaram e pediu-lhe para levarem em recipientes de madeira (os velhos barris) a bebida virtuosa para que os Gigantes matassem a sede com ela. Essa bebida era uma maravilha que Baco tinha cultivado e que, nessa altura, eu segui o seu trabalho desde a plantação das videiras, passando pela poda, pela vindima, pelo esmagamento (pisagem), pela fermentação e pelo vinho novo. Era uma maravilha aquele trabalho de Baco e das ninfas da Trácia que desciam do monte Nisa para os vales onde tudo se desenrolava sob a luz do nosso amigo Apolo.
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Este barril foi aviado num ápice
Quando aquela bebida divina estava preparada, os Gigantes nem olharam para trás, provaram-na e gostaram imenso. As Ninfas perguntaram se queriam mais e eles, claro, disseram que sim. Foi aí que começou a reviravolta da guerra entre os deuses e os Gigantes. Essa parte da guerra não vos vou contar, porque é um episódio bélico e já temos episódios desses em demasia no planeta Terra, mas sei que Baco quase adoeceu quando as Ninfas foram buscar em grandes carros de bois os grandes barris de quase toda a colheita do meu amigo. Claro que os Gigantes inebriaram-se e foram apanhados que nem patinhos. "Evoé, Baco"!
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Mas a Tasca da Dona Rita, hoje colocou os barris na rua para que S. Martinho e Baco sejam lembrados
Bem mas hoje eu gostei de comemorar esses episódios e recordo assim o verão do nosso S. Martinho, da sua água-pé e do seu vinho novo, mas não esqueço toda a trabalheira que o meu amigo Baco teve a ensinar os homens a produzir bons elixires. Por isso eu voltei à Tasca da Dona Rita que por ali anda há quarenta e sete anos e ali chegou já com trinta. Segundo ela me disse, vendiam ali tudo, desde a boa e má água-pé, vinhos novos e velhos e que vendiam também petróleo, carvão e todas as coisas que na época eram tão necessárias. Disse-me que chegou a ser ela a levar o carvão à cabeça para satisfazer os clientes que dele necessitavam e cujas encomendas tinham de ser executadas no prazo de uma semana. Fantástico!
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É um bom coredor de barris
Mas hoje a Dona Rita, ainda foi mais simpática que da primeira vez. Quando me viu lá do fundo, levantou a mão, sorriu para mim, arrumou a tralha que tinha e veio ter comigo ao Balcão da sua bela Tasca, onde conversamos um pouco sobre a velha Amadora e a nova.
Claro que a nova Amadora deixa muito a desejar com a chegada do betão, mas as vidas das cidades e dos seus habitantes não pára, estando em permanente mutação. Obrigado Dona Rita. Vou comer umas castanhas e levantar o meu copo de água-pé á nossa. Ah, e porque não deixar-lhe aqui um beijinho, de um minhoto para uma saloia desta bela Estremadura. Um dia falarei sobre o meu amigo Baco ou deixarei isso para o Quico. Hoje vou dedicar-me à água-pé!
Bom S. Martinho para todos.