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As Caminhadas do Ventor

... por aí

As Caminhadas do Ventor

... por aí

No cabeçalho, a ponte romana de Cangas de Onis, sobre o rio Sella. Uma maravilha por onde caminharam romanos, árabes e tantos outros.


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Um lago de Covadonga que retrata as belezas dos Picos da Europa, nas Astúrias


O Ventor saiu das trevas para caminhar entre as estrelas.
Ele continua a sonhar, caminhando, que as estrelas ainda brilham no céu, que o nosso amigo Apolo ainda nos dá luz e que o nosso mundo continuará a ser belo se os homens tentarem ajudar...

Depois? Bem, depois ... vamos caminhando!

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Passeio com o Outono

 Hoje fui dar um passeio, uma boa caminhada, com o meu amigo Outono.

Deu-me para acompanhar o Outono, na sua caminhada e conviver com ele. Fui a S. Pedro de Sintra aos travesseiros e resolvemos  dar as mãos e caminhar juntos.

Um local em S. Pedro de Sintra

Uma lagartixa a gozar o sol de Outono

Andamos os dois às castanhas, observamos as flores, mais flores, e para cúmulo dos cúmulos, fizemos uma caminhada com um dos nossos amigos caracóis!

Ele aí vai numa corrida acelerada e tem um objectivo

O objectivo dele é este buraco e pirar-se do sol quente

O Outono e eu não fomos capazes de fazer uma aposta porque os dois acreditamos que o caracol iria cair juntamente com a casa!

Vai ser agora, dizia eu e o Outono continuou a não apostar. Pelo sim pelo não o caracol tem muita experiência nesta coisa de carregar a casa e dos caminhos por onde anda

Deixámo-lo nesta posição e fomos às castanhas. Quando voltamos ele estava acomodado no fundo do buraco a gozar o fruto do seu trabalho. A belíssima sombra escolhida

Caminhamos entre os azevinhos ...

Entre os carvalhos

Entre os castanheiros ...

Apanhamos castanhas e,

deliciamo-nos com os coloridos que o meu amigo está a aplicar nas belezas deste mundo,

e observamos as flores, muitas flores ...

muitas flores!

Mas giro, giro, foi ir enchendo a cesta de castanhas, e ouvir a pergunta irónica do meu amigo Outono. Para que queres isso!?

O Outono caminha, caminha, caminha, e não se apercebe das orgias de Baco nem dos seus petiscos e bebidas, como o magusto das belas castanhas e a deliciosa água-pé e a bela pinga com que ele se delicia pelo S. Martinho.

Apanhar castanhas, apenas significa deliciarmo-nos com as belezas, as poucas belezas que nos foram encantando pela vida fora. Não as castanhas da farinha para as papas, coisa que nem sei o que é, mas as castanhas assadas nas cinzas dos nossos burralhos, nos dias frios junto das axas de carvalho e dos canhotos que faziam grande braseiro e, no meio dos carvões e das cinzas muito quentes, era só vê-las estoirar quando alguém pretendia mais algum divertimento que não apenas as castanhas.

Quentes e boas!

 

 

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A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira

Caminhar sob nuvens

Hoje fui dar uma pequena caminhada de uma hora, num pequeno nicho deste mundo natural onde ainda posso apreciar algumas das belezas que podemos contemplar.

Há aquele pequeno ditado popular que nos diz que «aquele que o feio ama, é porque bonito lhe parece». E, então, eu até acho que isso é mesmo verdade. Senão vejam: «se eu consigo dar uma pequena passeata, com uma grande dor de cabeça provocada por uma grande gripe que me ia matando, e consigo perder algum do meu tempo a apreciar bichinhos aos quais ninguém liga, é porque, realmente, eles me parecem mesmo belos.

Até este!

O bicho do café

Chamam-lhe, popularmente, bicho do café! Se assim fossse, como em Portugal e na Europa não havia café, ou teriam de lhe chamar bicho da cevada ou, então, é mesmo bicho do café e, sendo assim, há séculos que faz parte, também, da chamada globalização tão apregoada nos fins do Séc. XX e no início deste Séc. XXI.

Mas do café ou não, este meríapode é um belo trepador e também gosta de subir até ao pico do seu Everest, de onde me gritou: «Ventor, Ventor, ... Ventor, estou no topo do mundo»!

Porquê fazer uma caminhada e aproveitar para visitar os meus belos amigos? Muito simples!

De manhã, ao levantar-me, sentei-me aqui frente à minha janela deste mundo cibernáutico e, ao olhar a outra janela real, verifiquei que caminhava, na sua superfície, uma formiga de asa. Acho piada àquelas asas grandes que mais me parecem um capote que tapa a formiga lembrando-lhe que estamos no Outono e o frio bate à porta. Mas, de facto, elas só nos pretendem avisar que chegaram as primeiras chuvas e, ao mesmo tempo, recordam ao Ventor o tempo das esfolhadas e das vindimas em anos de outonos chuvosos cujas águas escorriam pelas minhas montanhas lindas para lavá-las dos pós calorentos do Verão.

O gafanhoto que não disse ao "Mateus" onde estava

Nesses tempos, durante as esfolhadas, os folhatos húmidos que enrolam as espigas do milho, cheiravam a mofo e sempre que possível, aproveitava-se uma tarde soalheira para pôr as espigas ao sol e fazer os medeiros para que as chuvas outonais escorressem pelos milheirais ressequidos e não apodrecer a palha que iria, durante o inverno, ajudar a matar a fome aos gados.

Também me recordo que, nos tempos áureos das vindimas, quando as chuvas estorvavam as caminhadas das gentes na sua azáfama de sacar as uvas com o menor estragalhaço possivel, a passagem dos cestos cheios a caminho dos lagares, destilavam um perfume de mofo ou bafiento se prefrirem, mas tudo isto, dava beleza ao Outono. Hoje, sem essas chatices provocadas pelas cargas de águas das chuvas outonais de outrora e sem ver as preocupações estampadas nos rostos dos meus pais, pelos danos causados nos trabalhos das colheitas, senti esse mofo que vinha do solo, destilar perfumes impregnados pelo meio das ervas secas que, enquanto eu fotografava alguns dos meus amigos, me obrigavam a dar uma olhada de saudades pelo passado já longínquo.

Espigas esquisitas, mas não deixam de ser espigas

Mas, para me divertir, e me trazer até ao presente, vi esta coisa linda se atirar de um tufo de ervas e começar a fugir. Normalmente, eles não têm procedido assim tempestivamente.

«Mateus! Chega aqui. Que raio te fiz de mal para fugires de mim»?

E o Mateus, metendo travões na sua fuga aos zig-zags, respondeu-me assim:

"és muito aterrorizador! Fujo de tudo que tem duas patas"! E ...

"Mas, mas ... tu és o Ventor"!

O meu amigo Mateus

«Claro! Não tens vergonha de fugir de mim»?

"Oh, pá, desculpa! Desculpa lá!  Eu cresci, fiz-me um Mateus a ver-te caminhar por aqui, mas hoje, passou por aqui um gajo que me ia pisando e, agora, estava distraído a ver se me atirava àquela formiga e assustei-me. Nem te conheci.

Olha, lá vem ele com o cão! O cão cheirou-me e cumprimentou-me, mas aquele gajo se me vê, pisava-me. Ele não gosta de bichos, nem dos Mateus"!

«Mateus, talvez não seja assim»!

"Pois! talvez não, mas e se é? Não vês que há experiências que não se devem fazer! Nem pareces o Ventor! Se o gajo me pisa, não fico cá para te contar. O melhor é que ele nem me veja! Já viste, Ventor, que neste mundo a que chamas Planeta Azul, todos os animais vivem na desconfiança? Eu bem levanto as mãos ao Senhor da Esfera mas Ele nem me ouve"!

"As hstórias da minha espécie, que foram passando pelos meus ascendentes até chegarem a mim, dizem-me que tu gostavas de dizer a todos que encontravas: Mateus, endireita as mãos a Deus!  Eu hoje digo-te que não vale a pena! Estou farto de endireitar as mão a Deus para nada. O Senhor da Esfera não quer saber de nós"! E olha que ...

Lá deixei o Mateus a remoer as suas misérias e segui caminho, mas não deixei de olhar de soslaio e lá vi o grande cão voltar a cheirar o Mateus e o seu dono passar acelerado a seu, lado, de olhos enfiados no chão, como se tentasse procurar pepitas de ouro no meio de ervas secas.

O meu amigo Mateus está chateado com a vida, mas a vida é o melhor que temos neste mundo

 

 

Casa Velha.jpg

A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira