... na serra da Mira.
Alguns dias atrás, apeteceu-me fazer uma caminhada e resolvi subir a serra mais próxima que tenho por aqui. Não será bem uma serra mas sim uns montes que foram assim baptizados - serra da Mira.
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Aqui está a formar-se um campo de lírios
Da serra da Mira vemos toda a planura atravessada pelo IC 19 até tropeçar, com o nariz, na serra de Sintra, vemos Alfragide, o Parque Florestal de Monsanto, e sobre eles lançamos a nossa visão sobre o topo dos pilares da ponte 25 de Abril e do Cristo Rei e até vamos cravar os olhos na serra da Arrábida, sem esquecermos um pedaço de mar que da embocadura do Tejo se dirige para Cascais. Talvez, por isso, lhe chamem serra da Mira porque, de facto, dali mira-se tudo em volta!
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Lá longe, a serra de Sintra, a lutar com as nuvens
E, para mim, esta serra, tem outras vantagens. Porque fica perto, porque é uma serra com vegetação saloia e, sobretudo, porque me oferece alguns bichos e flores para fazerem parte da minha caminhada, na qual se integram. Por ali encontrei bicharada que já não via há muito tempo ou que nunca tinha visto.
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Uma belíssima rocha. Sempre que lá passo, olho-a bem
Também por ali tenho observado e apreciado vários animais, desde os bem conhecidos coelhos, perdizes, perdigotos, peneireiros, águias, mochos, lagartos, gafanhotos quase gigantes, e também borboletas, libelinhas, louva-a-deus e insectos que nunca tinha visto. Sem falar de garças e até gaivotas que, tal como eu, vão até lá para apreciar a paisagem e não só.
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Aqui está a formar-se outro campo de lírios, num outo local. São milhares deles
Também tenho visto, por ali, os tojos floridos que pintam o resto da serra que ainda existe de manchas amarelas e servem de pasto a vários insectos, como as abelhas, os meus amigos albi-negros e outros e que, durante a sua labuta, nos presenteiam com uma bela sinfonia, sem nos esquecermos das várias espécies de borboletas que acabam por dar alguma graça policolorida ao amarelo e verde do tojo.
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Uma ravina na serra
Também, durante a Primavera e o Verão, conseguimos apreciar muitas espécies de flores que nem sei o nome e nunca esquecerei os campos de lírios que, tanto gostam de oferecer o seu regozijo a mim e ao meu amigo Apolo que, tão bem como eu, os sabe apreciar.
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Este pássaro, esquisito, fugiu de junto de mim, surpreendido e foi parar longe. Está bem longe e continuou surpreendido
Desta vez, eu sabia muito bem que as condições invernosas que têm assolado esta área onde se integra a serra da Mira, eu não encontraria flores, que noutros anos já existiam mas houve um propósito que me levou lá. Eu queria aproveitar esta caminhada para me certificar se os bichinhos peludos que darão belas borboletas teriam resistido aos frios deste ano e se estariam por lá para, mais uma vez, saudarem a chegada do ventor.
Mas não! Fiquei muito desanimado!
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Um charco na serra da Mira
Tive o prazer de ver um coelho fugir-me quase debaixo dos pés e não fugiu muito porque se escondeu logo nas moitas mais próximas e eu segui deixando-o em paz. Limitei-me a guardar na retina aquela pelugem linda a tender para o ruivo. Era realmente um coelho esquisito. Para as mesmas moitas tinha acabado de fugir um chasco. Aposto que os dois se terão entretido, cada um à sua maneira, ou a perguntarem-se um ao outro, o que faria um gajo ali, ao vento, cheio de frio!
Tinha as mãos que já não queriam segurar a máquina e o braço esquerdo já estava farto de levar, de boleia, o chapéu de chuva.
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Um grande gafanhoto, que se escondeu de mim entre as ervas. Há por aqui grandes gafanhotos e, pelos vistos, resistem ao frio
Por isso, aguentei-me por pouco tempo, uma hora e três quartos, o tempo suficiente para concluir que os peludinhos não estavam por lá. Este ano não é o ano deles.