As Fontes, mais uma vez
Uma caminhada, mais uma vez, pelas fraldas das minhas Montanhas Lindas.
Saídos dos Arcos de Valdevez, rumamos a Soajo onde visitamos uns amigos e, como quase sempre faço, seguimos por Cunhas, Campo e, com paragem nos Poços, para matar saudades.
Os Poços, um sítio dos meus sonhos
Ali, nos poços, ainda haviam videiras de outros tempos. Estas videiras choraram comigo!
Como demoramos algum tempo em Soajo e como a Dona do Quico precisava de tomar medicamentos, paramos nos Poços e aproveitamos para comer presunto e meloa, não deixando de dar uma passeata pelo chão que também me viu crescer, apreciando os cortelhos (iglos de pedra) onde as minhas vacas dormiam.
Também os iglos de pedra lá permaneciam
Sobre este, fiz há anos, um piquenique, que nunca esqueço
Depois, passando por Paradela, seguimos rumo a Adrão mas e, não deixei de observar a Cruz que se levanta no cabeço que delimita os espaços hidrográficos entre Paradela e a Várzea porque, em Julho, não tive a oportunidade de saber a razão porque foi ali levantada.
Depois, passei por aqui e identifiquei a Cruz, cuja história já conheço e contarei um dia destes
Uma bela homenagem, do povo de Soajo, a um filho da Várzea - D. Abílio Ribas, que foi é á pouco tempo, Bispo da Diocese de S. Tomé e Príncipe. Voltarei a falar deste "segredo" tão bem guardado a que eu não tive acesso, pois nunca imaginei que a Várzera era a terra mãe de um Bispo e nunca foi tema de conversa nas minhas caminhadas, apressadas, pelas minhas Montanhas Lindas
Verifiquei, então, que se tratava de uma homenagem do povo de Soajo a um Bispo nascido na Várzea, em 1931, que se chama D. Abílo Ribas. Aproveitei para tirar umas fotos àquele sítio que nos deixa embebecidos com tanta beleza. Ali, comecei, mais uma vez, a observar, nos horizontes, os meus montes de sonhos.
De Paradela para Adrão sempre com os olhos no nosso pico que da Cruz é visto e também de lá se vê bem
Mais um local de sonhos. Escondia-me do frio em volta daquele penedo, esperando que os lobos não saltassem a parede. Ainda hoje me rio da inocência dos meus tempos de criança
Lá ao fundo a Várzea, com o seu rio afogado por um braço da Barragem de Lindoso
Os montes da Várzea e de Paradela, os montes de Olelas, já em Espanha e os montes de Castro Laboreiro, lá longe, que sempre permanecem nas minhsa retinas, ali estavam, a mostrarem-me que, afinal, ainda existiam. Eram, mais uma vez, a visão da saudade!
Partimos e, chegados à Cascalheira, deixei o carro no seu poulo e rumei à bela nascente das Fontes. Eu, caminhando no silêncio, rumo às Fontes, já não sabia se era eu se era a minha alma que caminhava por ali.
Chegado à nascente, ao ver a água brotar com tanta intensidade, em pleno Agosto, bebi ao ponto de julgar que estava a saciar todas as sedes. Voltei, observando todo o caminho e vi que, afinal, o carro facilmente lá chegaria. Ao chegar ao Poulo da Cascalheira, entrei no carro e rumei à nascente das Fontes com a mesma vontade da primeira vez. A Dona do Quico achou que eu iria dar cabo do carro mas, pelo menos, mais uma vez, ela assistiu a um dos meus sítios de sonhos.
As Fontes - a minha Parnaso. Será, certamente, bem mais bela que a outra!
Depois, seguimos até Adrão, o meu Berço. Cumprimentei alguma da minha gente e fui até ao rio d'Além, para ver mais coisas de sonhos, como as libelinhas a esvoaçar entre os carriços do meu rio. Agora, já nada é como dantes, mas as águas continuam a cantar todas as canções de sempre. Desta vez a Dona do Quico não conseguiu fazer a nossa grande avenida e ficou sentada numa pedra junto às escadas da tia Bondeira. Não na pedra onde eu me despedi de muita gente que não voltei a ver, mas noutra. Quando voltei, já tinha ido para o carro na Quelha da Costa.
Pelo menos, mais uma vez, fomos a Adrão que a ela dirá pouco, mas a mim diz-me sempre muito. Partimos para Arcos de Valdevez, pensando: "até um dia".