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As Caminhadas do Ventor

... por aí

As Caminhadas do Ventor

... por aí

No cabeçalho, a ponte romana de Cangas de Onis, sobre o rio Sella. Uma maravilha por onde caminharam romanos, árabes e tantos outros.


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Um lago de Covadonga que retrata as belezas dos Picos da Europa, nas Astúrias


O Ventor saiu das trevas para caminhar entre as estrelas.
Ele continua a sonhar, caminhando, que as estrelas ainda brilham no céu, que o nosso amigo Apolo ainda nos dá luz e que o nosso mundo continuará a ser belo se os homens tentarem ajudar...

Depois? Bem, depois ... vamos caminhando!

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Ainda os muros

Como continuo caminhando em trilhos de muros, vou falar-vos, aqui, de um novo muro do nosso tempo! Sim, porque os muros continuam a ser levantados! Uns são deitados abaixo, outros levantam-se, por vontade dos homens ... homens que, poderão ter ou não ter, classificações um pouco bastardas.

Tem havido sempre razões para haver muros, razões, elas, também bastardas.

Cabe a todos nós detectar as bastardices desses levantamentos e procurar derrubá-los!

Mapa da Faixa de Gaza, na costa do Mediterrâneo. Gaza é delimitada a Oeste pelo mar medterrâneo, a sul pelo Egipto, a norte e a leste por Israel.

Gaza, é a maior cidade dos territórios da Palestina com, aproximadamente, cerca de 700 mil habitantes. Desde 2006, é administrada pelo Hamas, grupo fundamentalista islâmico, ano em que venceu as eleições contra a Autoridade Nacional da Palestima que governava como resultado dos acordos de Oslo, com Israel, creio que, desde 1993.

Gaza, era uma das grandes cidades dos tempos dos Filisteus, e foi, também, dentro dela, que se passaram algumas das grandes peripécias do nosso conhecido Sansão e da nossa bela Delilah!

E, para todos nós que deixamos passar, à margem, muitos dos dados históricos que se propagaram, até chegarem ao nosso tempo, em resumo, deixo aqui outras peripécias para além das de Sansão:

 - Gaza, foi um campo de zagaratas sem fim, no caminhar dos séculos. Dos milénios! Até parece que ela era, e continua a ser, a grande encruzilhada de grandes batalhas políticas e militares.

Em 333 AC, caiu em poder do meu amigo Alexandre da Macedónia, mas continuou sempre, impávida e serena, nos trilhos da Guerra. Mais tarde foi palco das campanhas romanas. Ela assistiu às vitórias dos Macabeus, e foi palco das zaragatas do Califa Abu Bakr, dos Templários e de Saladino. Foi ocupada pelos franceses, em 1799, depois pelos turcos e, de seguida, devido à 1ª Guerra Mundial, pelos ingleses.

Desisto das ocupações dos tempos modernos, pois todos temos uma ideia do que se tem passado. Não desisto é da ideia de que Gaza, continua a ser palco de batalhas sem fim! E não desisto da ideia de que o mundo, o nosso mundo, tem de pôr termo a isso!

Aqui, neste mapa, vemos Israel, limitado a norte pelo Líbano, a Leste pela Síria e pela Jordânia, a sul, pelo Egipto e pelo Golfo de Aqaba no mar vermelho e, a Oeste, pelo mar mediterrâneo e pela Faixa de Gaza

Sabemos que, bem ou mal, o mundo, através das Nações unidadas, implantou o Povo de Israel nos seus velhos territórios e não desisto da ideia de que, os palestinos também são de lá!

E também não desisto da ideia de que, muros, aqueles muros de que falamos, nunca deverão existir em lado nenhum, e menos ainda, cercando a chamada faixa de Gaza!

Mas também não desisto da ideia que, se queremos um dia encontrar Gaza como uma grande cidade, muçulmanos e judeus, terão a chave que poderá abrir as portas de Gaza ao mundo. Essas portas nunca poderão ser abertas por uma chave só! Haverá a chave dos palestinos e haverá a chave dos judeus. E, para que tudo corresse bem, seria necessário que todos os ferreiros trabalhassem na feitura dessas chaves.

Uma noite, cerca das 22 horas, em 1967, numa leitaria da Av. Pascoal de Melo, em Lisboa, encontrava-me com um amigo, um Tenente da 1ª Região Aérea, a bebermos um café. De repente, entrou um tipo pela porta dentro e eu só ouvi: "Mon Ami"! À minha volta, começou, apenas, a falar-se francês. Ami daqui, ami dali, quis ir-me embora, mas mon ami, português quis apresentar-me a son ami francês, e vim a saber que se tratava de um judeu que ele tinha conhecido na universidade de Paris, onde os dois estudaram Matemáticas Aplicadas.

Então, quando mon ami português, perguntou a son ami francês o que o trouxera até ali, ele disse que caminhava ao encontro da guerra, com passagem por Lisboa e tinha ido a sua casa onde o informaram que estaria naquele local a beber um café, com este vosso amigo!

Eu fiquei alarmado ao ouvir as informações que o judeu dera de ses amis, judeus franceses que, tal como ele, caminhavam rumo a Israel! Foi a partir desse momento que eu me comecei a interessar por tudo que dizia respeito a judeus e palestinos. Por isso, com muita tristeza, eu tenho acompanhado, tanto quanto possível, as refregas entre judeus e seus inimigos de peito, os muçulmanos!

Isto, mesmo que pensem que não, é uma guerra à escala mundial! Há judeus e árabes em toda a parte e, em toda a parte eles se defrontam.

Agora, quanto a muros, ajudemos a derrubar as muralhas que cercam ou se preparam para cercar a faixa de Gaza. 

 

 

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A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira

Já lá vão 20 Anos!

Lembro-me que, noutros tempos, não podia com o Muro de Berlim!

Lembro-me de pensar que, se o tal da candeia árabe, me dissesse para pedir um desejo, eu diria logo: «derruba o Muro»!

O muro de Berlim tirado da Wikipédia

Cada vez que ouvia dizer que morreu mais alguém a atravessar o muro, eu sentia uma tristeza muito grande. Perguntava a mim mesmo, como era possível!

Alguém tinha de estar errado!

As pessoas queriam fugir para a liberdade e, então, arriscavam a vida a saltar o muro. Por vezes, eu imaginava-me na situação dos berlinenses do Leste. Se estivesse lá e se a coisa é mesmo como eu leio, até em livros proibidos, eu teria de dar o salto!

Perguntava-me a mim mesmo porque razão só fugiam de lá para cá. Depois lembrava-me do Casanova, que também fugia, segundo rezavam as histórias! O Casanova saltava pelas janelas, fugia pelos telhados e, se as chaminés fossem acessíveis, fugiria por lá! Claro que eu gostaria mais de fugir como o Casaniva, enfrentar os nossos "maus" da fita do que ter de saltar o Muro.

Adrão tinha um boi, creio que era o Castanho, que fugia como o Casanova. Eu já andava por cá e quando regressei, um tio meu disse-me que o Castanho era muito inteligente. Metia um chifre na cancela, retirava-a do local e, assim, dava acesso às vacas aos prados com o melhor comer. Ele retirava a cancela, mas não entrava. Era a sua maneira de conquistar os seus favores. 

Claro que os alemães do Leste não fugiam pelos motivos do Casanova ou do Castanho de Adrão. Eles fugiam, sobretudo, porque presavam a liberdade!

Eu perguntava-me sempre, porque razão, haviam pessoas que queriam ser comunistas, uma vez que a malta que podia, ou morria ou fugia de lá!

Quem se atrevia a iniciar a sua vida num regime que era, sem sombra de dúvidas, o mais sanguinário de todos!?

Como devem saber, só não saberão se não quiserem, se as coisas fossem assim tão simples, todos gostaríamos de ser comunistas. Eu seria certamente! Mas, depois de ver e saber em que pés acentava a Ditadura do Proletariado, o comunismo nunca seria possível, nem para mim, nem para ninguém! Seria possível, isso sim, se não fossem meia dúzia de indivíduos a impor a sua ditadura, o seu mando, o seu querer.

Eu li, em tempos, um livro de um Chefe do Partido Comunista brasileiro, acho que era o Cunhal deles, que me disse tudo. Esse livro, apesar de tão mal dizer do Comunismo, era proibido em Portugal. Disse-me a pessoa que mo emprestou. Já passaram tantos anos!

Mas na Rússia do Proletariado, na Rússia dos USSR, também haviam pessoas inteligentes e, por isso, pela sua inteligência e não só, o muro caíu!

Abaixo todos os muros!

Tal como o Kennedy «Ich bin ein Berliner»! (creio que é assim)!

Por isso, nunca poderia deixar passar aqui este dia de festa, pois ele será inesquecível por muitos séculos ou milénios.

VIVA a LIBERDADE!!!!

 

 

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A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira

Linhas de Torres

As linhas de Torres, são um conjunto de velhas fortificações militares destinadas à defesa da cidade de Lisboa, capital do reino, consideradas um fenómeno de Defesa Militar para a época.

Há mesmo especialistas, na matéria, que nos afirmam que nada de igual teria sido feito até então, nos caminhos das guerras!

Quem sou eu para estar em acordo ou em desacordo com eles?

Não sei nada sobre outras linhas de defesas, com maiores exércitos, em confronto, para crer que assim seja.

 

Foto tirada da Wikipédia

Não sei nada, por exemplo, sobre a construção da Muralha da China, a não ser que o seu objectivo seria, manter os chineses encurralados dentro dessa cerca, ou não permitir que os seus inimigos figadais, de então, entrassem. Mas todos nós ficamos a saber que, esse monumento, é uma obra e "porra" como diria um bom alentejano. São milhares de kms e não umas dezenas. E, também não sabemos, o que terá acontecido durante estes séculos todos e, até, durante a sua construção. Sabemos, isso sim, que, a sua grandeza, segundo os chineses, já vai para além dos 5.500 kms. Isto diz-nos que ela continua a crescer com novas descobertas.

Este intróito, foi apenas para confrontar a afirmação anterior da grandeza das nossas Linhas de Torres.

Mas, não nos vão restar quaisquer dúvidas que, à nossa escala, se trata de uma obra grandiosa.

Quando há dias, precisamente, em 31 de Outubro, visitava com os meus companheiros de outras caminhadas, a fortificação do Zambujal, nos arredores de Mafra, passou-me pela cabeça tudo o que recordava sobre essas linhas da Defesa de Lisboa.

Ainda me recordo de, quando iniciei as minhas caminhadas por Lisboa, da Alameda das Linhas de Torres. Então, para mim, tudo se teria resolvido por ali! Fortificou-se aquela área, esperou-se a passagem dos franceses, esgotados de grandes caminhadas desde a sua longínqua França e zás! Bumba neles!

Mas com o tempo, e com as minhas leituras da história de Portugal e não só, acabei por vir a saber que nada disso! As Linhas de Torres eram outras. Estudei várias cartas militares que me mostraram a essência das linhas de Torres e que essas fortificações foram, de facto, uma obra de defesa militar a ter em conta. Porém, além daquilo que foi aquela  fortaleza do Zambujal, e da estrutura defensiva de Sobral de Monte Agraço, apenas recordo um ou outro toutiço dos 152 (+ou -) (há quem diga que eram 156), que fizeram parte dessa estrutura defensiva. Toda a zona saloia a norte de Lisboa, é adequada a esse tipo de defesa. Adequar a inovação humana de defesa ás estruturas naturais existentes. Quando rodamos pela CREL, ao pôr-do-sol, os cabeços dessa zona que nos são apresentados, cheios de luz e sombra, dão-nos a ideia de como os homens se conseguiriam estruturar, por ali, tornando possível desesperar o inimigo!

As duas primeiras Linhas de Torres;

a primeira (cerca de 46 kms), que vai de Alhandra, na margem direita do rio Tejo  até ao mar, foz do rio Safarujo (então, rio S. Lourenço), na costa atlântica, passando por Arruda dos Vinhos, Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras.... onde o Forte de S. Vicentre, com cerca de 2.000 homens, podendo ser guarnecido com cerca de 4.000 e dispondo de uma bateria de 39 canhões, era o mais poderoso sistema de defesa de toda a linha.

A segunda linha, vai do Forte da Casa, junto ao Tejo, até Ribamar, passando pelo tal forte do Zambujal que controlava o rio Lizandro e o seu afluente, a ribeira da Vidigueira, bem como a estrada desde a Ericeira. Consta-se que, o Forte de Zambujal era apenas um dos 48 fortes que faziam parte da 2ª linha de defesa das Linhas de Torres, tal como os de Mafra, Ericeira, Carvoeira, Malveira ... Creio até que quase todos se situam dentro do Concelho de Mafra.

 

Forte do Zambujal, recuperado, ou se preferirem, trazido à luz de nossos olhos

A terceira linha, situava-se em redor de Paço d'Arcos, cujo obejectivo seria permitir a defesa da embucadura do Tejo, permitindo à marinha britânica retirar, caso as coisas não caminhassem como previsto.

Toda a organização das linhas de defesa, estendia-se por cerca de 80 kms, era defendida, segundo os especialistas, por um exército português regular de cerca de 36.000 homens, por outro exército de forças portuguesas, não regulares, de cerca de 60.000 homens, por um exército britânico de 35.000 homens, por uma força espanhola de 8.000 homens desavindos com Napoleão e as suas 152 fortificações estavam reforçadas com 600 peças de artilharia.

Creio que, sem grandes pormenores, os que há dias passamos pelo grande Forte do Zambujal, ficamos com uma ideia geral da grandeza da nossa pequena amostra. Falta-me aqui referir as cerca de 300.000 pessoas que foram metidas dentro, ou .. entrelinhas! Foram enviados para dentro da primeira linha e isso fazia parte de uma certa política de terra queimada que não permitiria aos franceses reabastecer-se.

Também não falo aqui dos diques levantados, das paliçadas e da criação de pântanos ou terrenos pantanosos, tudo isso para dificultar aquilo que seria a grande caminhada das tropas do Marechal André Macena sobre Lisboa. Há todo um mundo envolvido de que valeria a pena falar.

Olá Sobral de Monte agraço!

 

 

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A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira

Ele anda aqui

 

 

Eu sei que tu sorris sempre!

Mas também sei que, de mim, não tens onde esconder tanta tristeza!

Tu disseste-me que gostarias muito de o abraçar, e eu disse-te que nem imaginas a falta que ele me faz.

Também sei que ele era o nosso peluchinho que levantava o rabo e caminhava a nosso lado, preocupado com todos nós.

Nunca me esqueço da figura dele quando, pela primeira vez, apareceste de canadianas cá em casa. Ele olhava-te e olhava-me. A cabeça dele parecia seguir os movimentos de uma raquete num jogo de ping-pong e acabou por se dirigir a mim para me dizer que estava assustado contigo.

Por fim, depois de pensar em tudo, pois ele reflectia sobre tudo, dirigiu-se a ti e deu-te muitas marradinhas. Ele adorava-te! Adorava-te e temos de nos habituar a isto, porque ele nunca mais nos irá largar!

Fomos nós que o criamos e cada vez me convenço mais que os animais são sempre tudo que os donos querem que eles sejam. De todas as vezes que te levava e não te trazia, porque tinhas de ficar no Hospital, ele nunca me largava e o seu ar inquisidor obrigava-me a explicar-lhe tudo. Ele não me largava! Para onde quer que fosse ele lá estaria. Ele absorveu o meu lema, o mesmo da canção dos Four-Tops: «Reach Out, I'll be there»!

E está! Estará sempre connosco!

Na noite anterior, esteve deitado sobre as minhas pernas! Ele está sempre connosco. Eu acordei de um sonho e senti as pernas carregadas com um peso. Pensei que eras tu, levantei-me para espreitar se tinhas alguma perna sobre as minhas, mas não! Estavas virada para o lado contrário e com as pernas desse lado. Eu estava só e o peso que sentia, abandonou-me. Era o peso do nosso Quico!

 

 

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A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira