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As Caminhadas do Ventor

Pelos Trilhos da Memória

As Caminhadas do Ventor

Pelos Trilhos da Memória

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O Ventor saiu das trevas para caminhar entre as estrelas.
Ele continua a sonhar, caminhando, que as estrelas ainda brilham no céu, que o nosso amigo Apolo ainda nos dá luz e que o nosso mundo continuará a ser belo se os homens tentarem ajudar...


Depois? Bem, depois ... vamos caminhando!


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Ventor entre as Flores

23.01.10

Covadonga


Ventor

Já vos contei, por aqui, algumas coisas sobre Covadonga.

Também já vos falei, por aqui, do meu amigo Pelágio, das suas Montanhas Lindas, das suas Astúrias, da sua ida para Córdoba, sob o jugo muçulmano, como refém, como nobre visigodo, ... Enfim, tudo tem a sua razão para levar a efeito a sua caminhada.

Todos calculamos, mais ou menos, como terá sido a vida de então, na nossa Península, mais ainda, nas zonas de influência do poder.

A partir da morfe do rei visigodo Roderick e de todos que com ele tentaram enfrentar os invasores de outras paragens, avançando desde Toledo até Guadalete, onde acabaram por morrer em combate ou em fuga, a vida nas espanhas, tornou-se um pesadelo!

Do género ... ou te convertes a Alá, ou morres, ou pagas ...

Pelágio no seu Pedestral

Todos os que viviam do povo, como os nobres visigodos e suevos, ficaram destroçados e os povos passaram a servir outros poderes. Por isso, sob o avanço muçulmano, uns eram os trocidados e outros seriam os que tentariam sobreviver fugindo. Recuando sempre até encontrarem o mar, algures lá por trás das paredes Cantábricas.

De entre os que escaparam às escaramuças levadas a cabo pelos muçulmanos, houve os que se foram firmando lá pelos lindos vales cantábricos. Por trás havia o mar e para além do mar não haveria mais nada. Por isso, apenas haveria duas potenciais soluções: o jugo ou a morte! 

Pelágio em frente da Igreja

Então, a dureza dos montanheiros das Astúrias, mais os que de outras paragens foram chegando, aprenderam a observar em volta que, ali, seria, sem dúvida, o seu último reduto e que nada mais restava, senão lutar até à morte.

No reduto das Astúrias, estava a esperança de todos! Todos nas suas montanhas eram reis! Foram travando escaramuças e vários tipos de lutas contra os muçulmanos que foram chegando de todos os lados e até pelas minhs Montanha Lindas eles foram passando. Eles sabiam que para derrotar todos os que enquadraram as suas defesas integrando-as pelas montanhas cantábricas, teriam de travar uma luta para além das simples escaramuças que iam perdendo.

Daí, da organização de forças, resultou a tal Batalha de Covadonga que os muçulmanos perderam, mas ainda não satisfeitos, reorganizaram-se e houve mais uma batalha onde, mais uma vez, foram destroçados e perderam o seu comando em Proaza com a morte do seu comando, na pessoa do Governador muçulmano, Munuza.

A Basílica de Covadonga

Daí em diante, por muito tempo, a chama viva asturiana iluminou a ibéria, foram séculos de lutas, com avanços e recuos, até à queda de Granada.

Por isso, apesar de ter por duas vezes, passado junto de Covadonga, sempre a pensar nos tempos da Reconquista, houve um dia que me senti parte dessa luta. O dia em que, pela primeira vez,  vi o meu amigo Pelágio, de espada na mão, e com a sua alma bem incrustada naquela estátua de pedra. 

Apontei a minha máquina àquela estátua e ouvi a voz de Pelágio dizer-me: "partilho contigo, a minha glória, Ventor"!

Imaginei-me, então, no seio dos homens cantábricos, lutando, palmo a palmo, por cada pedaço, por cada quinhão das suas montanhas! Partilhei da sua caminhada sobre cada vale, cada rio, cada morro dos seus montes até às planuras a sul de León!

A Pia da Água Benta

Não pude deixar de prestar a minha homenagem a todos aqueles homens que, a partir de Covadonga, levaram a bom porto a libertação da Península das mãos dos invasores. Sim! Por bem ou por mal, os muçulmanos não passaram de uns invasores, tais como outros já o tinham sido. A Península Ibérica, foi sempre, uma encruzilhada de mundos.


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A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira

14.01.10

Camaleño a Covadonga


Ventor

 Mais uma bela caminhada!

No dia 12 de Julho de 2007, despedimo-nos de Camaleño. Até quando? ... Mas eu, peguei na máquina e pensei em trazer Camaleño comigo. Apontei a máquina àquelas suas belas montanhas, clickei e pronto!

Colocamos as malas no carro e, sempre a olhar as belezas naturais de Camaleño, só fazia uma coisa: disparava contra todos os cabeços que rodeavam o nosso local verde.

Uma carroça no Hotel, em Camaleño, já cansada de percorrer carreteras

Por fim, fizemo-nos a la carretera que nos iria levar de retorno a Potes, para escolher aquele azimute desejável. Mais uma volta pelo centro de Potes e, eis-nos com a opção de escolha. Era la carretera N-621, rumo a Ryaño.

De Potes a Ryaño, caminhamos entre paisagens paradisíacas dos Picos e quase sempre, pelos vistos, em velhas terras de la Reina. Daí, e sempre na mesma estrada N-621, certas localidades como Llanaves de la Reina, Portilha de la Reina, Barmiedo de la Reina, outra localidade, a que achei muita piada, pois não vi espelhos nenhuns, a que chamam Los Espejos de La Reina, Villafrea de la Reina, Boca de Huérgano e, de seguida, eis-nos a observar a Embalse de Ryaño!

Uma esplanada no hotel, em Camaleño

Toda este trajecto da nossa caminhada eu admirei muito, não só pelas suas montanhas fabulosas, onde, segundo informações ainda haverão ursos, camurças, veados, ... e outras espécies de animais selvagens. Pelo menos, tudo indica que, com ursos ou sem ursos, por ali, sente-se que se trata de um espaço envolvente com grande variedade na sua fauna.

Mas de uma coisa eu tenho a certeza. A sua flora tem mesmo de ser riquíssima e se a flora é rica, também a fauna o será! Nos profundos vales abertos, entre aquelas grandiosas montanhas, a variedade de manchas verdes dos seus bosques, cheios de árvores diversas e os espaços abertos nas encostas, onde crescem os fenos e rebentam todos os tipos de flores selvagens, como rosas bravas, dedaleiras, ericas rosadas, margaridas e muitas outras que acompanham o crescimento dos fenos, como as minhas lindas flores do São João, tornam os picos um autêntico Paraíso terrestre.

A esplanada e a entrada para o hotel, em Camaleño

Eu nunca tinha visto tanta dedaleira junta, na minha vida. Apenas em Julho de 2009, dois anos depois, pelos planaltos de Castro Laboreiro, olhando, outra vez,  tanta dedaleira, mais me parecia tratar-se de mensagens poéticas coloridas, enviadas pelos Picos para que não me esquecesse, nunca mais de todas as suas belezas e, entre elas,  as suas dedaleiras. Essas mensagens poéticas, sei-o bem, também foram enviadas pelas corolas azuis dos raminhos de S. João, que encontrei por Castro Laboreiro e por todos os cantinhos das minhas montanhas lindas, desde Lindoso a Melgaço, sem esquecer Adrão. O ano de 2009, tal como 2007, mostraram-me que nunca devo esquecer todas aquelas belas mensagens coloridas, sempre possíveis, porque as flores estarão sempre a caminhar a meu lado, pelos meus belos trilhos e sempre sob os auspícios do meu amigo Apolo! 

A mesma esplanada

Umas voltas por Riaño e, então, adeus a la carretera N-621, cuja envolvência a torna numa belíssima carretera e, penetramos na nossa quase desconhecida carretera N-625, rumo a Cangas de Onis.

Assim fomos rodando ao lado do rio Sella, no chamado desfiladeiro dos Beyos, com destino a Covadonga e passagem por Cangas de Onis a primeira terra feita capital cristã do velho reino das Astúrias, pelo meu amigo Pelágio, logo na sequência da batalha de Covadonga, antes de Oviedo.

Tudo continua a ser lindo por este lado dos Picos mas o que mais me chamou a atenção foi ver rapaces em quase todo o trajecto. Antes de chegarmos a Cangas de Onis, uma águia real desceu da nossa direita e poisou mesmo a meu lado, apenas com o Rail entre ela e o carro e vi que ela apanhou um bicho que não identifiquei. Só eu é que a vi, pois o meu pessoal ia a falar de algo sobre a nossa caminhada e não tiveram tempo de acompanhar o voo picado da águia, nem a sua partida.

Íamos a uma velocidade permitida de 80 kms/h e não deu para parar e fotografar, mas fiquei com pena de apenas a ver aterrar bruscamente, no momento da nossa passagem.

  

Um telheiro para descansar quando saímos do carro

Depois de admirarmos o Desfiladeiro de Beyos onde flui o rio Sellas, apareceu no nosso horizonte, Cangas de Onis, mas o objectivo continuava a ser Covadonga e os seus lagos. No entanto como disse em relação ao rio Deva, todos os rios nos contam histórias. Olhando as água de um rio, observando-as calmamente, elas têm histórias para nós, e até cantam para nós!

Sobre o rio Sella, direi muito sintèticamente, que tem um pequeno percurso de cerca de 42 kms, que nasce na Fonte do Inferno, lá pelo extremo Ocidental dos Picos da Europa, absorve as águas do porto do Pontón, em terras leonesas e escorre numa fenda profunda a que dão o nome de Desfiladeiro de Beyos, continuando a sua caminhada até ao mar Cantábrico. Tem dois afluentes principais: o Ponga da esquerda e, da direita, o rio Dobra que nasce nos Picos, na Colina Santa (2.589m) e passa por baixo da ponte romana-medieval de Cangas de Onis.

Mas o rio Sella é também o paraíso dos pescadores de salmão, o santuário dos praticantes de canoagem de todo o mundo e o caminho para lugares dos mais lindos das Astúrias, tal como Covadonga e os seus lagos Ercina e Enol.


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A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira

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