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As Caminhadas do Ventor

... por aí

As Caminhadas do Ventor

... por aí

No cabeçalho, a ponte romana de Cangas de Onis, sobre o rio Sella. Uma maravilha por onde caminharam romanos, árabes e tantos outros.


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Um lago de Covadonga que retrata as belezas dos Picos da Europa, nas Astúrias


O Ventor saiu das trevas para caminhar entre as estrelas.
Ele continua a sonhar, caminhando, que as estrelas ainda brilham no céu, que o nosso amigo Apolo ainda nos dá luz e que o nosso mundo continuará a ser belo se os homens tentarem ajudar...

Depois? Bem, depois ... vamos caminhando!

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Caminhar nas nuvens

Caminhar nas nuvens, ou caminhar nas cinzas, é o que temos feito todos os dias, durante todo o século XX e, agora, no início do séc.. XXI.

Desde que o homem inventou o avião ... aquelas coisinhas cartonadas, lonadas ou semelhantes, que colocavam os seus "domadores" de pantanas, pelo chão fora, até hoje, aquelas coisonas que mais que sofisticadas, parecem brinquedos dos deuses, que foram dando uma mãozinha para ajudar estes bicho-caretas humanos a cavalgar pelos ares. Nas nuvens ou nas cinzas, claro!

Só que as nuvens, aquelas gigantes sugadoras, tipo cúmulo-nimbos, já não são as inimigas solitárias dos céus de Santa Maria e de outros. Agora tudo começa a piar mais fino. Mais fininho, mesmo!

Agora, existem a qualquer momento, outros poderosos inimigos que, podem paralisar regiões aéreas inteiras e mesmo blocos mundiais como está a acontecer com o vulcão islandês e dizem os sabichões, passe o termo brincalhão, que tudo, a qualquer momento, pode ser mais grave. Um islandês, expert na matéria, especialista em vulcanismo, terá dito que, no espaço de 6 meses a um ano, um vulcão, com potencial 3.000 a 4.000 vezes superior a este vulcão que paralisou a Europa aérea, o Katla, caso se verifique a sua previsão, paralisará o tráfego aéreo de todo o hemisfério norte.

Mas no saca aqui, saca ali, há sempre experts nestas coisas, sabemos que, este tal vulcão islandês, que está a causar grandes prejuízos às Companhias aéreas, fechando os espaços aéreos da Irlanda, Reino Unido, Holanda, Suécia, Finlândia, Bélgica, Noruega, Estónia, norte de França, incluindo Paris e zonas da Alemanha, Polónia, o que leva outros aeroportos internacionais, a nível mundial, a cancelar voos com destino a essas regiões, como os voos dessa procedência, afectando assim a vida de milhões de pessoas, praticamente, a nível mundial.

 

Mas o dito vulcão islandês, sempre mais fácil para nós, pois tem um nome muito complicado - chama-se Eyjafjalla - situa-se cerca de 20 kms a sudeste de Reiquijavik, a capital da Islândia, sob o quinto maior glaciar do país - o Glaciar Eyjafjallajokull. Agora imaginem o que seria termos um brinquedo daqueles a 20 kms de Lisboa. Ninguém queria pois não? Eu não queria de certeza!

Este vulcão e provavelmente outros, pois os materiais dos vulcões não são todos iguais, produz uma cinza muito fina que contém pequeníssimas partículas de vidro e podem, muito fàcilmente, entupir o motor de um avião. Se as pessoas inalarem as cinzas, diz outro expert, seria como "rasgar" os pulmões.

Mas se o Katla, se lembrar de dar o seus show, imitando o seu irmão Eyjafjalla, vai ser bonito, vai!

Benjamim Franklim que era embaixador, em França, em 1783, testemunhou os efeitos das grandes nuvens de cinzas que invadiram a Europa, então, na sequência da explosão de um vulcão, também na Islândia. Ele lembrou mais tarde que, nesse ano, não houve verão na Europa.

Por isso, e para que as caminhadas nas cinzas não prossigam, espero que o Katla se deixe ficar sossegadinho, pois para mim e penso que, para todos nós, dispensamos os seus shows.

Depois de estudar exaustivamente as variantes das nossas cavalgadas pelas nuvens  e/ou pelas cinzas, bem prefiro aproveitar as boleias aladas dos corvos marinhos, gaivotas e, todos os os meus amigos do Tejo que, enquanto os vou apreciando, me ajudam a deixar, de lado, tantas das asneiras que se fazem nas margens deste nosso lindo rio.

Mas, entretanto, não se esqueçam de ter cuidado com as cinzas. Não só as do tabaco e outras mas, especialmente, as vulcânicas que, tanto quanto me parece, não serão só perigosas para os aviões mas, também, para animais e pessoas.

 

 

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A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira

Outra caminhada entre flores

Entre flores, pode acontecer de tudo!

 

Um malmequer amarelo que, como muitos outros, quase todos os dias me olha

Na sexta-feira passada, fui dar mais uma caminhada de cerca de duas horas e, para não variar, foi também entre flores. Pelas 10:40, caminhava eu junto ao jardim de Miraflores e ouvi o pio inconfundível de uma gaivota. Olhei a zona de onde viera esse piar inconfundível e, esvoaçando dos céus de Algés, em direcção aos pinheiros de Monsanto, observei quatro aves que, à primeira vista, reconheci serem gaivotas. Até aqui nada de especial pois as gaivotas andam por ali todos os dias. Mas como elas penetraram na zona do sol, consegui reconhecer serem gaivotas e, no entanto, achei algo confuso no voo dessas aves. Voltei a olhar e reparei que uma ave ia um pouco só, mais à frente e outras três, juntas, mais atrás. Voltei a confirmar com uma nova olhada, pois o meu amigo Apolo ofuscava-me aquele espaço e não permitia que eu me certificasse daquela aparente anormalidade.

Então vi aquilo que nunca tinha visto tão claramente. Três gaivotas, ameaçavam, desde os céus de Algés, uma águia que, na sua velocidade de cruzeiro se dirigia rumo às verdes colinas do Parque Florestal de Monsanto. E, então, lembrei-me da canção dos Coros do Red Army, que a águia também terá tido a oportunidade de ter aprendido a cantar, se calhar, em inglês: "Oh, my little pine tree"!

Fiquei a pensar nos combates e nas tréguas que os animais, tal como os homens, levam a cabo nas suas caminhadas por este belo mundo - o nosso Planeta Azul. Já me tinha apercebido de uma escaramuça semelhante, ali pela serra da Mira, mas não tão clara como esta e esqueci-a por falta de credibilidade. Afinal, aquelas intrigas da serra da Mira poderiam ter sido mais intensas e, provàvelmente, foi a minha chegada que lhe pôs cobro. Fiquei sempre na dúvida mas, desta vez, todas as dúvidas acabaram depois de tão claras ameaças das gaivotas a essa águia que, tal como nós fazemos, em circunstâncias iguais, dirigiu-se a Monsanto para procurar abrigo no seu mundo protector. O arvoredo do seu mundo, neste caso, não os "little pine trees" siberianos mas, os "the big green pine trees" de Monsanto.

A águia atravessou a Crill e, por sobre os pinheiros, rumou ao seu destino, e as gaivotas reconheceram que aquele mundo seria o mundo da águia e não o delas. Por isso, fizeram uma vénia ao Ventor e a mesma velocidade que trouxeram, foi a mesma velocidade que levaram rumo ao seu mundo - a foz do nosso Tejo.

 
Ele, esta coisinha linda, todos os dias que por lá passo, canta para mim! Quando era miúdo diziam-me que também era um chasco. Para mim continua a ser, apenas, um belíssimo penudo, meu companheiro de belas caminhadas 

Eu fiquei a matutar nestas guerrinhas e voltei à companhia das flores e dos meus amigos, que tal como este, me têm divertido imenso, através dos anos, com o seu cântico.

Cheguei a ter dúvidas se ele queria cantar para mim se me queria explicar todo aquele imbróglio que, se calhar, tal como eu, acabara de assistir. Mas essa espécie de passarinhos, que eu não sei como se chama, já eram meus companheiros pelos montes da Assureira, nos anos que o vento já arrastou por trilhos do século passado. São uma beleza quando nos sobrevoam a cantarolar para nós, num piar sequente e que parece infinito, pois deixamos de o ouvir quando ele já vai longe. Mas este poisou na árvore para conversar comigo e ouvi-o muito atenciosamente. É sempre conveniente ouvirmos os amigos!

 

 

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A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira

Sesimbra ...

... a bela vila de Sesimbra.

 

A Tasca do Treze, em Sesimbra

Tenho escrito, aqui, sobre alguns lugares e, nem de propósito, Sesimbra, é um dos locais com grande importância na minha vida e tem ficado para trás. Essa localidade, chamada Sesimbra, foi, de facto, um local importante nas minhas caminhadas - nesta minha Grande Caminhada. Foi no ano de 1962 que conheci Sesimbra, tempo em que Sesimbra se tornou na nossa praia preferida - minha e de gentes com quem convivi, então.

Grandes partes da Primavera, Verão e Outono de 1962, molhávamos o nosso ego na belíssima praia de Sesimbra. Por qualquer razão, não especificada, hoje, como então, tínhamos preferência, nas nossas sortidas de fim de semana, pela zona do porto de Sesimbra mas, com o tempo, tudo isso mudou.

Os motivos dessa preferência, seriam, no meu entender, o facto de toda a praia de Sesimbra ser uma praia limpa e, junto do porto, existia a lota. Era ali que comprávamos as sardinhas, os carapaus, os chicharros, ... que, na hora do almoço, levávamos para o pinhal, onde fazíamos um braseiro e assávamos esses peixes fresquinhos, acabados de chegar do mar. Por fim, alguns que, como eu, davam, então, preferência à febra assada, lá se foram habituando aos peixes frescos trazidos do mar, pelos esforçados pescadores que víamos partir e chegar, atravessando a bela Baía de Sesimbra.

A minha máquina, sempre observadora, quis comunicar por esta outra máquina. Foi ela que me disse que, antigamente, havia arte nas comunicações, hoje apenas há novas tecnologisas  

Foi assim no primeiro lustro da dédada de sessenta. Nos anos de 62-63-64-65-66 mas, com algumas sortidas pelas praias de Carcavelos, da Parede do Guincho, pouco mais, voltávamos sempre a Sesimbra e aos nossos braseiros para as grandes petiscadas de peixes e febras, tudo na brasa. Depois, por aquele grande pinhal, belas caminhadas e, lá pelas cinco da tarde, mais uma vez, rumo à praia. Também no Guincho fazíamos as sardinhadas.

Com o tempo, tudo isso foi mudando. O porto foi crescendo, os óleos foram-se acumulando por ali, como companheiros que não desgrudavam. Fomos indo à procura de outos espaços mas, a pressão sobre Sesimbra foi-se acentuando e nós fomos retirando. Começamos a aparecer menos vezes e, entretanto, com a minha ida para Moçambique, terminaram as sortidas, pelas praias, até ao verão de 1970, altura que fazia as minhas caminhadas pela savana, pelas florestas-galeria e pelas pistas da Força Aérea, especialmente, em Nova Freixo, hoje, Cuamba.

 

No fim do almoço, o João desafiou-me para os copos e acabamos por nos enfroscar em barris 

Depois, regressado de África, recomecei a fazer as minhas sortidas de praia, embora mais espaçadas, mais alumas vezes, por Sesimbra. Por fim, com o andar do tempo, veio o namoro e, as caminhadas por Sesimbra voltaram a assentuar-se. Tanto que arranjei lá um amigo e que ainda por lá anda. O meu amigo Monstro - o Monstro das Rochas!

Depois, Sesimbra, na prática, acabou! Em anos, voltei a passar por lá meia dúzia de vezes e só para olhar a praia! Só para dar uma ideia, as últimas três vezs que por lá passei, foram intervaladas a uma média de seis meses. Uma vez passei por lá e a minha conversa foi com as gaivotas. A penúltima vez, foi numa passseata com os meus amigos Alex's - a Tina e o Alex. Esta última vez, em 31 de Março de 2010, fomos almoçar na Tasca do Treze, eu, o João, a Joana, a mãe, a visavó e tivemos a companhia do Stº. António, na Tasca do Treze.

Stº. António, com o Ventor, na Tasca do Treze

Antes e, depois do almoço, fiz umas belas caminhadas por Sesimbra. Lembrei-me de deixar, mais em cima, uma bela caminhada fotográfica pela bela vila de Sesimbra, onde continuo, a ter o meu belo amigo - o Monstro das Rochas! 

 

 

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A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira