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As Caminhadas do Ventor

Pelos Trilhos da Memória

As Caminhadas do Ventor

Pelos Trilhos da Memória

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O Ventor saiu das trevas para caminhar entre as estrelas.
Ele continua a sonhar, caminhando, que as estrelas ainda brilham no céu, que o nosso amigo Apolo ainda nos dá luz e que o nosso mundo continuará a ser belo se os homens tentarem ajudar...


Depois? Bem, depois ... vamos caminhando!


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Ventor entre as Flores

31.05.10

Partir ...


Ventor

Porque partir? Ou melhor, porquê fugir? Partir ou fugir, é tudo o que resta à juventude portuguesa?

Um dia, eu ouvi a palavra "emigração". Há três histórias que eu nunca vou esquecer!

Um dia, a minha tia Joaquina, pediu-me (tinha eu 10-12 anos) para levar um saco de dinheiro a Paradela e entrega-lo àqueles que, na realidade, seriam os seus donos. O meu tio Ramilo, tinha ido para França, a "salto".

Andou fugido pelas terras de Espanha. Foi apanhado pela Guarda Civil e, recambiado para Portugal.

Voltou à carga! Não tinha dinheiro, na altura, e pediu-o, em Paradela, a quem o podia fornecer. À segunda foi de vez! Um dia redireccionou a sua vida para a América. Sempre a América!

O meu primo Manel, andou, como eu, embora mais cedo, por Lisboa. Trabalhou como podia e, numa determinada altura da sua vida, antes do serviço militar, decidiu emigrar para França. Com o tempo, também se redireccionou para a América.

O meu amigo e primo (por afinidade) Carrasco, como eu ouvi da sua boca, quando era pequeno, também teve muitos problemas na sua emigração para França e ou tentativa para a América.

Toda a gente de Adrão, dos meus tempos de puto, teve de passar as passas do Algarve, nas suas tentativas de fuga para a estranja.

O meu primo Manel, além de emigrante, era refractário. Esquivou-se ao serviço militar. Não. Não pensem os "heróis" deste país que ele foi um "herói"! Esses heróis com um estatuto muito especial como muitos que apareceram na defesa da revolução dos cravos. Se calhar, no meu tempo, ele teria ido na mesma, e aí, sim! Talvez reclama-se o estatuto de heroicidade propalado a partir do 25 de Abril.

Mas, a única coisa que eu sei do seu "estatuto" de herói, é que, um dia, em terras de França, e lembrando-se que não podia regressar a Portugal, devido à sua situação militar e ainda antes das guerras de África, ele teve saudades da mãe.

Partindo de França, avançou Espanha dentro, até uma terra espanhola, chamada Olelas, a terra mais próximo da Várzea e de Adrão. De Olelas, alguém que muito queria à nossa família, veio junto ao rio pedir, à primeira pessoa que encontrasse, a ajuda da nossa tia Florinda, residente na Várzea, para arranjar maneira de o ajudar do lado de cá.

O rio, nas vésperas de Natal, corria de monte a monte, rumo ao rio Lima, e ele, através de uma corda, arriscou a vida, apenas e só, para vir passar o Natal com a sua mãe e com a sua família. Eu era puto, mas recordo-me das conversas que nos diziam que, o Salto, aquele terrível local de passagem da Várzea para Olelas, tinha sido dado pelo ar. Ainda hoje acredito que, nada teria sido possível, sem o silêncio da Guarda Fiscal do, então, Posto da Várzea.

São pequenas historietas que não vou desenvolver, porque tanta gente terá conhecimento de muitas outras similares.

Mas, com o tempo, apareceram os heróis!

Heróis daqui, heróis dali, que andaram a comer os vinténs dos papás por terras de França e outros que até tiveram grandes amigos como "Monsier Miterrand" e outros.

Tudo isto, malta que nunca soube o que era trabalhar. Viviam à custa da família e de subterfúgios, nas suas caminhadas dos tempos.

Mas isso é outra história!

A que me interessa, realmente, de momento, é que, depois de tanto deleite, de tanta promessa, de tantos engulhos, com a Revolução das Promessas, os jovens portugueses, 50 anos depois dessas historinhas, 36 anos depois de Abril, aquele Abril da Esperança, continuam a fugir desta terra. Deste país que poderia ser lindo mas que, atendendo ao que assistimos, nunca o será!

Cada um continua a fugir por onde pode. Leste, Oeste, Sul, Norte e pontos intermédios, os portugueses continuam a fugir utilizando os carreiros a que nos habituamos a chamar os "Carreiros dos Emigrantes ou os Carreiros da Esperança".

Tudo isto, na cara de homens sem escrúpulos, que têm o despudor de vir para as Televisões, afirmar alto e bom som, que tudo está bem, que tudo é uma maravilha, hoje, e amanhã, que isto está mau, as desgraças são de outros e que, o nosso mal, é culpa dos outros. Não fossem os bancos de Investimento Estranjeiros e, a amabilidade dos nossos bancos em levarem as massas a quem as tem, e tudo seria uma maravilha!

Antigamente, era por causa dos fascistas, da sua política anti-social ... etç.

Hoje, digo eu, é por causa de gentes que não passam de reles políticos ou, então, pertencem a um qualquer império do vampiros porque nos sugam o sangue, que os portugueses continuam a fugir para fora deste país, segundo estatísticas espalhadas por aí, 70.000 a 75.000 portugueses por ano!

Mas será este, mesmo, o País que merecemos?

Antigamente a culpa era dos fascistas e hoje, 36 anos depois? Tenho ou não tenho razão?

A revolução dos cravos (coitada da flor!), a revolução das promessas, foi apenas uma miragem imposta ao povo portugês, apenas e só, por sonhadores ou oportunistas irresponsáveis. É tudo o que tenho visto nestes últimos 36 anos.

Oportunismos de vários interesses partidários, tudo em nome do POVO!! E também se nota o xico-espertismo daqueles que se movimentam nos corredores da política e nos corredores económicos, movimentando as alavancagens dos seus interesses em nome de objectivos de produção que não passam da camuflagem dos ladrões.

Dói-me dizer isto, mas é, de facto, a nossa verdadeira realidade.


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A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira

13.05.10

A Tristeza deste País


Ventor

Nas minhas caminhadas, também há muita tristeza e não é só natureza e alegria nas observações dos meus trilhos.

"Acho que tenho de pedir a compreensão dos portugueses para a necessidade destas medidas e não desculpa", afirmou Teixeira dos Santos em entrevista à SIC.

Estes homens não prestam mesmo! Digo eu!

Há dias, um homem que, por acaso ou má sorte, é primeiro ministro de Portugal, dizia a uma deputada que não estava lá escrito no PEC o aumento do IVA e sei lá que mais.

"Viu senhora deputada? Está lá escrito isso, senhora deputada"?

A conversa de sempre!

Teríamos todos nós e essa deputada, a garantia de que esse tal 1º Ministro de Portugal, não iria aumentar o IVA.

Deu, aldrabando, à simplicidade dos portugueses, a ideia de que não iria aumentar os impostos e, no caso concreto, o IVA.

Eu ouvi, na Televisão, esse senhor 1º Ministro, todo escamado, a mentir com todos os dentes, que não aumentaria o IVA!

Mas, eu não tenho dúvidas de que a crise é profunda. Eu, por exemplo, seria incapaz, nas mesmas circunstâncias do senhor Primeiro  Ministro, de dar a minha palavra a essa deputada, ou a qualquer outro, de que não aumentaria o IVA ou quaisquer impostos.

Eu, teria dito, com toda a convicção, a essa senhora deputada, ou qualquer outro, que não tinha a mínima ideia de aumentar o IVA mas, atendendo às circunstâncias nacionais e internacionais de crise, nunca sabemos o dia de amanhã.

O que aconteceu, entretanto, depois dessa conversa, para virar o bico ao prego?

Nos últimos 15 dias tudo se agravou, diz o senhor  Ministro das Finanças! Se calhar, foi porque o 1º Ministro deu a sua garantia!

Mas os portugueses são um povo cheio de glória. Eles têm um 1º Ministro que sabe tudo e sabem que ele tem a tabuada muito bem estudada. Até é engenheiro e tudo e os senhores engenheiros, devem saber, pelo menos, a tabuada!

Poderia escrever aqui tanta coisa, desde que o PS ganhou as eleições há alguns anos. Se calhar até podia contar tantas das mentiras que os portugueses, benévolos, como são, já esqueceram, mas que eu não esqueço e, então, o nariz do senhor primeiro Ministro e do seu ministro das finanças, iriam para o Guines.

Peguei só na última e, mais ainda, pela arrogância do ministro das Finanças em fazer esta afirmação:

"Acho que tenho de pedir a compreensão dos portugueses para a necessidade destas medidas e não desculpa".

Mas eu acho que o ministro das finanças está equivocado!

Têm-me dito e eu tenho ouvido, por aí, que o ministro das Finanças era um bom professor. Até poderá ter sido um bom professor, mas pelo que tenho visto como ministro, tenho muitas dúvidas que tenha sido um bom professor!

Mas sabe o que lhe digo senhor ministro das Finanças.

«Acho que tenho de lhe pedir a compreensão, para a minha crítica porque eu compreendo a necessidade destas medidas mas também compreenderia muito bem, o seu pedido de desculpas, bem como as do seu chefe, ao povo português. E porque também acho que os portugueses, nós todos, somos como os "rafeirinhos" que só "ladram", porque, se mordessem mesmo, vocês já não estariam no poleiro há muito tempo. Vejam lá se eles não abrem a boca e começam às dentadas»!

Por isso, acho que vos ficava bem um pedido de desculpas, pelas asneiras que têm feito a governar este país!

Ou vocês não se enxergam!


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A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira

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