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As Caminhadas do Ventor

... por aí

As Caminhadas do Ventor

... por aí

No cabeçalho, a ponte romana de Cangas de Onis, sobre o rio Sella. Uma maravilha por onde caminharam romanos, árabes e tantos outros.


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Um lago de Covadonga que retrata as belezas dos Picos da Europa, nas Astúrias


O Ventor saiu das trevas para caminhar entre as estrelas.
Ele continua a sonhar, caminhando, que as estrelas ainda brilham no céu, que o nosso amigo Apolo ainda nos dá luz e que o nosso mundo continuará a ser belo se os homens tentarem ajudar...

Depois? Bem, depois ... vamos caminhando!

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Corvos, em Lisboa

Lisboa, é uma cidade linda! É uma cidade, em cujo estandarte figuram dois corvos!

Diz a lenda que, quando, no tempo de Diocleciano (espero não estar engando, mas que importa!), imperador romano, S. Vicente foi morto, em Valência, Espanha; os romanos, por ele se ter recusado a obedecer às novas leis do Império, contra o Cristianismo, ordenaram a sua morte e que o seu corpo fosse lançado às feras.

 
Corvos alimentado os filhotes, em Lisboa
 

Porém, um corvo tomou conta do corpo de S. Vicente e as feras afastaram-se, não tocando no cadáver. Depois, o Corpo de S. Vicente, por portas e travessas, que eu não saberei explicar, lá chegou até nós e, no tempo dos árabes, estaria ali pela zona de Sagres. No tempo da reconquista, D. Afonso Henriques, resgatou o corpo de S. Vicente aos árabes e mandou-o trazer para Lisboa, onde o colocou numa capela fora das muralhas da cidade e que hoje é um Convento - O Convento de S. Vicente de Fora, assim chamado por estar situado fora das muralhas de Lisboa. Mas isto toda a gente saberá e até melhor do que eu.

 

Procurar é esperança de encontrar e alimentar os belíssimos curvídeos

Mas há coisas que nem todos sabem e que eu e mais alguém, ficamos a saber!

Lisboa, como disse no início é uma cidade linda e dois corvos fazem parte do seu estandarte. Mas eu nunca vi corvos em Lisboa! Ando por aqui há 49 anos e nunca vi um corvo. Normalmente, só vejo corvos quando viajo do lado sul do Tejo, por vários cantos deste país e pelas minhas Montanhas Lindas. Na 6ª feira à noite, o meu amigo Luís, telefonou-me de Paris a informar-me de várias coisas e, entre elas, da festa de S. Bento do Cando, lá pertinho da Senhora da Peneda.

 

Observar e tentar encontrar é o lema de todos os dias na luta pela sobrevivência de tdos os animais

No domingo fui beber um café e dar um passeio por Belém e, ao mesmo tempo que ia caminhando, comecei a lembrar-me da festa de S. Bento. Fui por ali abaixo até ao nosso triste "mural dos Combatentes" e virei por um local onde há um carvalho para ver se tinha bolotas. Ainda eram muito pequeninas e comecei a caminhar rumo à Vela Latina. De repente, ouvi o som de um corvo! Nem acreditava, mas tirei a máquina e caminhei com ela na mão, rumo ao local de onde o som viera e, quase sem acreditar, vi o velho passarão negro que nunca consigo fotografar como deve ser. Olhei-o, tirei-lhe uma foto e ele, como se não gostasse do velho paparazzi, esvoaçou para outro pinheiro e grasnou outra vez!

 

Encontrado, achado e levado para a tarefa do dia - alimentar

Para o pinheiro que ele voou, vindo não sei de onde, poisou outro corvo com algo no bico. Eu disse logo: "cá estão os descendentes dos corvos de S Vicente". Afinal, a partir dali, o Ventor nunca abandonaria Lisboa sem um dia ver por lá corvos!

Depois apareceu outro e outro e mais outro! Eram os papás babados a apresentarem os seus filhotes ao Ventor. Pai, mãe e três filhotes. Naquele momento, fiquei com a ideia de que S. Bento e S. Vicente, tinham decidido animar o Ventor com os corvos e, a partir dali, eu caminhei mais de uma hora com aqueles cinco amigos. Tirei fotos, umas atrás das outras e, logo por azar, os corvos negros só pousavam acalorados nas sombras das árvores, ou sobre elas. Como eles são todos negros, não têm uma pinta de cor que não seja o negro, as fotos não ficaram grande coisa mas, como não podia deixar de ser, deixo-vos, em cima, os meus novos amigos lisboetas que muito animaram a minha caminhada, este domingo.

 

Lutar pela sobrevivência da espécie é tarefa de todos e também dos corvos. Transportar para cumprir a tarefa

Cheirou-me que S. Bento e S. Vicente andavam por ali, no meio dos corvos, encantados com a minha estupefacção. Mas podem crer que, para mim, foi uma alegria ter aqueles novos amigos como companheiros daquela minha caminhada. Claro que eles irão procurar garantir a sua vida para melhores aposentos, mais consentâneos com o seu "estatuto" de corvos, mas ninguém me tira da cabeça que eles foram criados ali, naqueles belos pinheiros de Belém onde aprenderam a observar Lisboa e onde podem observar que seus antepassados fizeram e fazem parte dos "estatutos" desta bela cidade.

 

 

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A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira

Belezas Naturais

Gosto muito de falar das belezas naturais do nosso país, especialmente, daquelas que vou olhando com alguma assiduidade e que nunca me cansam. Já há muito tempo que ando por aqui a ver as fotos que, nas minhas caminhadas, vou tirando pela Serra da Arrábida (veja aqui) mas vou adiando sempre. Desta vez não tenho motivos para adiar mais; primeiro, porque foi a nossa penúltima caminhada, por aqui, com os amigos Alex e Tina e depois, porque esse local que dão pelo nome de Portinho da Arrábida, é um sério candidato a uma das 7 Maravilhas Naturais de Portugal. A propósito dessas candidaturas, não se esqueçam de votar! Claro que eu não voto porque Portugal tem tantas Maravilhas Naturais que não me atrevo a votar numas em desprimor de outras. Mas acredito que o Portinho da Arrábida e toda a sua envolvência é uma forte candidata a uma das 7 Maravilhas Naturais do nosso Portugal.

 
 
O povo é sereno! Foi aqui que ouvi na sequência do 25 de Abril, o Almirante sem medo, Pinheiro de Azevedo, gritar que o Povo era sereno, quando extremistas do PREC incendiavam no Terreiro do Paço, as bandeiras dos seus adversários

 

Também as Belezas Naturais das minhas Montanhas Lindas poderiam ser fortes candidatas e nem sequer entraram no ramalhete! Por isso eu nunca votarei em qualquer das outras, senão, nos meus ouvidos ficariam sempre registadas as seguintes palavras: "és um traidor, Ventor". Mas elas sabem que eu não sou traidor e, por isso, não votarei!

Elas, também sabem que eu, não sou pobre nem mal agradecido e não encosto no sótão escuro das profundezas do meu cérebro, nada do que é belo e as belezas naturais da serra da Arrábida são belas e dignas de fazerem parte das minhas caminhadas naturais, por aqui.

 
 
A Ilhota Anicha, no Portinho da Arrábida

Antes de mais, vou dar-vos um cheirinho desta bela serra de Portugal! Quem conhecer, ao natural, ou através de filmes que já nos mostraram as belas paisagens das montanhas croatas debruçadas sobre o Mar Adriático, verificará que a serra da Arrábida é sósia das montanhas da Croácia. O mesmo se pode dizer de algumas montanhas gregas debruçadas sobre o Mar Egeu. Há coisas que estão sempre presentes em todas elas: o "maquis" e formação calcária das suas rochas esbranquiçadas. Dizem os experts que a formação da serra da Arrábida data de há cerca de 180 milhões de anos. É uma obra que os deuses foram aperfeiçoando a escopro e martelo e, descendo a vista do topo para a base, junto ao mar, calculamos que o mar já caminhou naquele espaço que hoje é serra.

 

A Ilhota Anicha, no Portinho da Arrábida, observada da estrada

Mas, caminhando do lado de Sesimbra para o lado de Setúbal, naquela bela estrada, ladeada do tal "maquis", salpicado de rochas calcárias, nós só temos vista para o sopé da serra a entrar naquele belo mar de turquesa-esmeralda, de águas límpidas, para a península de Tróia, para o estuário do rio Sado e para a sua foz. A beleza é enorme e sabemos que estamos rodando sobre uma área protegida de 10.800 hectares, o Parque Natural da Arrábida, fundado em 1976 e temos também, em volta do estuário do Sado, sob os nossos olhos, mais uma área protegida com 23.160 hectares, a Reserva Natural do Estuário do Sado. 

 

A Torralta, na Península de Tróia e o Estuário do rio Sado, observados da serra da Arrábida

Mas eu adoro os campos da Arrábida, do lado de Palmela! São outras belezas partilhadas comigo e com muitos dos meus amigos. Existe por ali uma fauna rica e diversificada, por onde caminham o gato bravo, o ginete, o texugo, a raposa, o saca-rabos, o toirão, lebres e coelhos e outros mamíferos e esvoaçam belezas sem fim como a águia de Bonelli, a águia de assa redonda, o bufo real, a perdiz, o andorinhão-real, os peneireiros, coruja das torres, os abelharucos, rolas bravas, pombo torcaz e tantos outros.

 

Imagem da praia da Torralta, na Penísnsula de Tróia e o Estuário do Sado, observados da serra da Arrábida

Tudo que devemos proteger e não deixar  que maralhal de maus íntimos destruam essas belezas naturais nem os seus habitantes peludos e penudos de que nos devemos orgulhar. Não podemos permitir que aconteça o que aconteceu ao lobo, ao javali e ao veado que também caminharam por ali, até fins do Séc. XIX, princípios do Séc. XX.

 

 

O aglomerado de edifícios, na serra da Arrábida, sobre o Portinho da Arrábida que foram, desde há centenas de anos, o Convento dos Capuchos

Aquele montículo de casas encravadas no "maquis" da serra, que já foram Convento dos Capuchos, parecem dizer-nos que, desde cedo, homem, serra e mar, andaram sempre de mãos dadas, neste ambiente que se levanta do "chão do mar" até uma altura de 501 metros.

Voltarei a caminhar pela Arrábida e voltarei a observar a pequena ilhota "Anicha" que mais parece uma ilhota onde as sereias se aquecem ao sol do que um ancoradouro de barcos de recreio.

 

Belezas vistas de junto ao ex-Convento dos Capuchos

Voltarei a falar da serra da Arrábida, do seu Portinho e do Estuário do Sado.

 

 

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A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira