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As Caminhadas do Ventor

... por aí

As Caminhadas do Ventor

... por aí

No cabeçalho, a ponte romana de Cangas de Onis, sobre o rio Sella. Uma maravilha por onde caminharam romanos, árabes e tantos outros.


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Um lago de Covadonga que retrata as belezas dos Picos da Europa, nas Astúrias


O Ventor saiu das trevas para caminhar entre as estrelas.
Ele continua a sonhar, caminhando, que as estrelas ainda brilham no céu, que o nosso amigo Apolo ainda nos dá luz e que o nosso mundo continuará a ser belo se os homens tentarem ajudar...

Depois? Bem, depois ... vamos caminhando!

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Uma ronda pelo Ribatejo

No domingo, o meu amigo Afonso, fez 4 aninhos. Ele e a família (nossa família), convidou-nos para o seu aniversário. Mau tempo diluviano por aqui, na sexta, no sábado e, ... como iria ser domingo?

Esteja como estiver, chova ou dê sol, lá estaremos!

 

Algures, pelo Ribatejo

E assim foi! Fizemos uma caminhada de cerca de 200 kms, pouco mais, partidos ao meio e tudo correu bem. Arranja daqui, arranja dali, fizemos bem a viagem. Também sempre ouvi dizer que, quem corre por gosto não cansa e eu, por campinas do Ribatejo e, ainda por cima, rumo à companhia do Afonso e da sua (nossa) gente, não canso mesmo!

 

Já senti essa alegria, Afonso, nas fraldas das minha Montanhas Lindas - é a liberdade total, ou quase

Gosto de passar sobre o rio que ajuda a traumatizar o Ribatejo com as suas cheias (não por isso, claro!) - O Alviela. Quando passo uma ponte pequenina sobre o rio Alviela, digo logo: "Olá, Alvi"!!!

Esse pequeno troço do seu vale é lindo e, sei que logo a seguir, ou á esquerda, ou à direita, sempre encontro gado. Espreito da janela da minha viatura uma cabeça no ar, espreitando o Ventor e depois outra e outra e mais outra ....

 

E se não for esse que espero, haverá este depois

Depois, espreitar os grandes espaços, até lá longe, mesmo que enchapelados por nuvens negras, é sempre uma maravilha! Deixar para trás ruas todas embarriladas de carros, jardins com árvores cobertas dos pintados sarampos outonais e partir para os grandes espaços ribatejanos dá outro nice à nossa vida.

Chegamos, abriram o portão, arrumei o carro, olhei o céu e disse logo: "estou lixado"! O avô do Afonso que tinha ido buscar qualquer coisa, entrou de seguida, arrumou a viatura, caminhou ao meu encontro e, de mão estendida, disse logo: "hoje estás lixado"! Voltei a olhar o céu e disse: "acho que estou mesmo"!

E estava! Não podia caminhar sobre o lamaçal revolvido para apreciar os quatro carvalhos portugueses, observar as suas bolotas, observar a romãzeira, a cerejeira, ... enfim, tudo que me encanta e que me serve sempre de digestivo para o almoço. O ar puro, os cheiros de outono, que emanam daqueles espaços ribatejanos, estão presentes mas, no Ribatejo ou em qualquer outro lado, sem a companhia do meu amigo Apolo, sinto-me sempre lixado!

Espaços abertos, cheios de cheiros, de ... liberdade

As vinhas do meu amigo Baco

Fomos ver o novo palácio dos meus amigos, o sarapintado dalmaciano e o salsicha, que também tiveram direito a uma bela casa e, depois, sentado debaixo do varandim, ao lado das cestas de castanhas e dos figos de Torres Novas, nascidos, criados e amadorecidos ali, agora a secarem-se ao sol, quando ele aparecia, lá ia apontando a minha objectiva em redor, aproveitando mandar a minha máquina, onde eu não podia ir, pedindo-lhe para caçar tudo em volta. Ao mesmo tempo ia contando, mentalmente, e sem falhar, o tempo entre as agualhadas que iam caindo. Veio o almoço, o café, o whisky e, de seguida, as olhadas do Ventor, procurando, entre as nuvens, já quase esvaziadas, o meu amigo Apolo. Mas atrás das esvaziadas, vinham outras carregadas e iam-se sucedendo a intervalos regulares.

Castanhas e figos, nas cestas, belezas presentes

A última casinha é o palácio dos meus amigos

Aqui, entre amigos, eles são cães felizes

Fui ao carro buscar o meu chapéu de chuva, companheiro inseparável, pelo menos em tempos irrequietos. Mesmo com bom tempo, costumo ter a sua companhia e nunca saber se levo um chapéu de chuva, se levo um chapéu de sol!

Abriram-me o portão e lá fui eu dar a minha volta. A mesma volta mas, em menos tempo!

Fui ver o póney, as vaquinhas, observei outros carvalhos portugueses, procurei os mochos, vi a passarada, recebi as boas vindas de cães que eu acordei, etç.

Os frutos do espilriteiro ou escambrões

Por fim, olhando para os lados da serra dos Candeeiros, reparei que a negridão me iria dar uma banhada se eu não estugasse o passo um pouco mais.

Iniciei o meu sistema de aceleração ainda bastante avariado e, tão desengonçado ia que, perante uma galinha pintada, das chamadas galinhas da Guiné e que víamos aos bandos lá por Moçambique, cheguei a pensar que tinha sido "translevitado" para essas terras de sonho.

O raio da galinha tinha furado a cerca, abandonando as outras ou, fosse como fosse, estava separada das suas companheiras e, vendo-me correr, desatou aos gritos:

- "ai que desgraça! O mundo vai acabar! O ventor anda aí e vem a correr. Estou perdida! Como vou sair daqui"?

Eu só via a galinha a tentar procurar por onde entrar e numa gritaria infernal. Apontei a máquina, disparei quatro vezes e sempre acelerado. Foi o que saiu na rifa. Mas ela tinha razão. A tempestade momentânea era de tal ordem que ameaçava tornar tudo num dilúvio. Peguei no telemóvel para pedir para me abrirem o portão, mas nada!

Uma galinha pintada por terras do Ribatejo

Corri até ao portão de guarda-chuva aberto e, depois do portão aberto, continuei até ao varandim, sempre acelerado e foi aí que caiu uma bátega de água. Curta mas cheia de força. As fadas de Neptuno apostaram que tinham chateado o Ventor. Brincalhonas! Logo de seguida, o meu amigo Apolo piscava-me o olho por entre duas nuvens negras a desfazerem-se sobre o rio Alviela!

A beleza das castanhas que foram minha companhia enquanto observava a caminhada das nuvens

 

Os figos de uma figueira que já passou por aqui pequenina, agora uma senhora

Depois vieram as castanhas assadas e eu emocionado com o caminhar dos minutos, das horas, com a máquina a guardar os figos secos, até me esqueci de tirar as fotos.

Depois foi o jantar, o bacalhau com natas o supra-sumo de alguns e apenas uma página virada nas caminhadas do Ventor. Mas havia outras coisas e o bolo do meu amigo Afonso. Eu já lhe disse que, em Portugal, queremos Afonsos e nada de filósofos! Nada de filosofias que nada têm a ver com as filosofias socráticas. Que se lixem os "Sócrates". Nós somos realistas e só conhecemos um Sócrates - o Grego!

O bolo de anos do meu amigo Afonso 

Fim da festa!

Espero que continues a contar muitos, Afonso. Ainda só vais com quatro. O Senhor da Esfera vai ajudar-te, espero.

 

 

Casa Velha.jpg

A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira