Olhar o Estuário do Tejo ...
Numa manhã de pouco sol, mais uma vez, encostei o carro junto ao rio Tejo. Saí para o grande "promenade" ribeirinho, andei 200m para a direita e entretive-me a apreciar os meus amigos de sempre, na margem direita do rio, naquele belo e famoso estuário europeu que tem belezas para dar e vender mas, como belezas destas não se dão nem se vendem, serve para animar todos os lisboetas e todos aqueles que, dirigindo-se para essa maravilha, vindos dos mais diversos azimutes, se encantam em lindos dias de sol. Não será o caso em dias nebulosos, captando essas belezas com as suas máquinas que perfuram as lonjuras, aparentemente, sem protestar.
Uma gaivota almoçando
Outra gaivota de raça mais pequena, vai-se "salivando" como pode
Por isso, a minha máquina, já se queixa, faz protestos e ameaça com greve!
"Não, Ventor"! - diz ela - "eu estou farta de procurar entre a luz e as sombras as melhores belezas para te oferecer, mas não consigo"!
Esta menina quer comer mas, a grandalhona não deixa
As rolas do mar, vão caminhando e penicando o que podem
Desta vez disse-me: "ou vens comigo Ventor, ou recuso-me a penetrar por baixo da ponte e atingir aqueles veleiros "fantasmas" que parecem tornar-se senhores do Mar da Palha". Tentei fazer-lhe a vontade, voltei a fazer os 200m para o sítio do carro e parei ali, quase erecto e indeciso, se deveria fazer os 4 metros para o carro ou outros duzentos mais para cima. Lá fiz os 200m, fotografando as penudas gaivotas, e outros, entre estes, os meus célebres companheiros de outras caminhadas, os corvos marinhos.
A rola do mar, é já uma bela companheira das caminhadas do Ventor
De facto, torna-se complicado! «Vai àquela ponta e saca aqueles barquinhos»! Ela prolonga o seu "olho" sempre insatisfeito e, como quem não quer a coisa, penetra entre as sombras escuras de nuvens esfarrapadas, volta a atravessar os raios cheios de luz do meu amigo Apolo e, para cúmulo, volta a ter que penetrar noutra ou noutras sombras e noutros raios e, depois, regressa com a "presa" enjaulada, fazendo tudo para deliciar o Ventor. Especialmente, quando procuramos os nossos amiguinhos penudos»!
Uma beleza penuda com os rotores cobertos de penas, imitando os raios de Apolo
Depois, lá começaram a aparecer os pequenos veleiros, saídos da esquerda e rumarem para baixo da ponte, mantendo-se os fantasmas muito para além da ponte. Numa parceria de vontades, eu e a máquina, fomos rebocando uns e outros, à medida que eles, aos grupinhos de vários tamanhos se começaram a espalhar, Tejo abaixo e a dirigirem-se rumo ao Farol do Bugio, mar fora, provavelmente, rumo a Cascais. Pedi à máquina para me rebocar uns quantos, daqui e dali, o que ela fez mas, tanto eu como ela, continuamos esperando que o nosso amigo Apolo, levante o sobrolho, uma vez por todas. Isto é, continuamos à espera de melhores dias.
Um corvo marinho a colocar os rotores no máximo para subir rumo ao céu
Ele aí vai, no seu máximo esforço, com as penas molhadas que não se vêm livres da água
Mas, aqueles 800m de caminhada não me fizeram nada bem, talvez porque à medida que o tempo começou piorando, eu comecei a ficar a pão e laranja e desde ontem que estou tentando colocar as fotos dos veleiros no Shutterfly, o que consegui agora.
Foi uma teimosia para não deixar arrefecer o computador que quase só se limita a dar-me música. Uma opção de vida a aproveitar, porque os martelos já começam a ficar desgastados de tanto martelar e os estribos já começam a não suportar esporas. Um dia, com martelos e estribos danificados e bem inoperativos, o computador nem para ouvir música vai servir.
E lá vêm os veleiros, na compita, brincando, Tejo abaixo
Todos estes problemas, inoperacionalidade da coluna, originada por estafas sem fim, danos nos martelos, nos estribos e, ... também na menina "íris" e seus aposentos, a trama fica completa para mim e para o computador, à medida que se faz a aproximação da recta final das caminhadas do Ventor.