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As Caminhadas do Ventor

... por aí

As Caminhadas do Ventor

... por aí

No cabeçalho, a ponte romana de Cangas de Onis, sobre o rio Sella. Uma maravilha por onde caminharam romanos, árabes e tantos outros.


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Um lago de Covadonga que retrata as belezas dos Picos da Europa, nas Astúrias


O Ventor saiu das trevas para caminhar entre as estrelas.
Ele continua a sonhar, caminhando, que as estrelas ainda brilham no céu, que o nosso amigo Apolo ainda nos dá luz e que o nosso mundo continuará a ser belo se os homens tentarem ajudar...

Depois? Bem, depois ... vamos caminhando!

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Olhar o Estuário do Tejo ...

Numa manhã de pouco sol, mais uma vez, encostei o carro junto ao rio Tejo. Saí para o grande "promenade" ribeirinho, andei 200m para a direita e entretive-me a apreciar os meus amigos de sempre, na margem direita do rio, naquele belo e famoso estuário europeu que tem belezas para dar e vender mas, como belezas destas não se dão nem se vendem, serve para animar todos os lisboetas e todos aqueles que, dirigindo-se para essa maravilha, vindos dos mais diversos azimutes, se encantam em lindos dias de sol. Não será o caso em dias nebulosos, captando essas belezas com as suas máquinas que perfuram as lonjuras, aparentemente, sem protestar.

 

Uma gaivota almoçando

 

 

Outra gaivota de raça mais pequena, vai-se "salivando" como pode 

Por isso, a minha máquina, já se queixa, faz protestos e ameaça com greve!

"Não, Ventor"! - diz ela - "eu estou farta de procurar entre a luz e as sombras as melhores belezas para te oferecer, mas não consigo"!

 

 Esta menina quer comer mas, a grandalhona não deixa

 

 

As rolas do mar, vão caminhando e penicando o que podem

Desta vez disse-me: "ou vens comigo Ventor, ou recuso-me a penetrar por baixo da ponte e atingir aqueles veleiros "fantasmas" que parecem tornar-se senhores do Mar da Palha". Tentei fazer-lhe a vontade, voltei a fazer os 200m para o sítio do carro e parei ali, quase erecto e indeciso, se deveria fazer os 4 metros para o carro ou outros duzentos mais para cima. Lá fiz os 200m, fotografando as penudas gaivotas, e outros, entre estes, os meus célebres companheiros de outras caminhadas, os corvos marinhos.

 

A rola do mar, é já uma bela companheira das caminhadas do Ventor

De facto, torna-se complicado! «Vai àquela ponta e saca aqueles barquinhos»! Ela prolonga o seu "olho" sempre insatisfeito e, como quem não quer a coisa, penetra entre as sombras escuras de nuvens esfarrapadas, volta a atravessar os raios cheios de luz do meu amigo Apolo e, para cúmulo, volta a ter que penetrar noutra ou noutras sombras e noutros raios e, depois, regressa com a "presa" enjaulada, fazendo tudo para deliciar o Ventor. Especialmente, quando procuramos os nossos amiguinhos penudos»!

 

Uma beleza penuda com os rotores cobertos de penas, imitando os raios de Apolo

Depois, lá começaram a aparecer os pequenos veleiros, saídos da esquerda e rumarem para baixo da ponte, mantendo-se os fantasmas muito para além da ponte. Numa parceria de vontades, eu e a máquina, fomos rebocando uns e outros, à medida que eles, aos grupinhos de vários tamanhos se começaram a espalhar, Tejo abaixo e a dirigirem-se rumo ao Farol do Bugio, mar fora, provavelmente, rumo a Cascais. Pedi à máquina para me rebocar uns quantos, daqui e dali, o que ela fez mas, tanto eu como ela, continuamos esperando que o nosso amigo Apolo, levante o sobrolho, uma vez por todas. Isto é, continuamos à espera de melhores dias.

 

 Um corvo marinho a colocar os rotores no máximo para subir rumo ao céu

 

 

Ele aí vai, no seu máximo esforço, com as penas molhadas que não se vêm livres da água

Mas, aqueles 800m de caminhada não me fizeram nada bem, talvez porque à medida que o tempo começou piorando, eu comecei a ficar a pão e laranja e desde ontem que estou tentando colocar as fotos dos veleiros no Shutterfly, o que consegui agora.

Foi uma teimosia para não deixar arrefecer o computador que quase só se limita a dar-me música. Uma opção de vida a aproveitar, porque os martelos já começam a ficar desgastados de tanto martelar e os estribos já começam a não suportar esporas. Um dia, com martelos e estribos danificados e bem inoperativos, o computador nem para ouvir música vai servir.

 

E lá vêm os veleiros, na compita, brincando, Tejo abaixo

Todos estes problemas, inoperacionalidade da coluna, originada por estafas sem fim, danos nos martelos, nos estribos e, ... também na menina "íris" e seus aposentos, a trama fica completa para mim e para o computador, à medida que se faz a aproximação da recta final das caminhadas do Ventor.

 

 

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A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira

Nos "cornos" da vaca-loura

Hoje, fomos almoçar a um desses "buracos" italianos ou semelhante e, para fazer companhia ao João, dediquei-me ou dedicamos-nos aos canelonis. Só os putos me desviam dos meus trilhos.

Quando subia a Av. Infante Santo, para ir buscar o carro, encontrei um bezouro negro de patas para o ar, morto. Toquei-lhe, levemente, com o sapato para confirmar o óbito e, sem dúvida, passei a certidão. Tirei-o do passeio, junto ao tronco de uma árvore descamisada e coloquei-o no meio da relva, fora do passeio, entre flores amarelas das azedas.

Todo o bicho que vejo morto, imprime no meu cérebro, algo sobre esse mistério a que chamamos morte. E, fico a pensar, com toda a curiosidade, nesse mistério, ou mistérios, da vida e da morte. Tenho na ideia que, em Adrão, não há flores amarelas das azedas, pelo menos não me recordo da sua existência por lá e também não haverão besouros negros como o que hoje vi morto e que, por aqui, há muitos. Para mim foi uma novidade, juntar o besouro negro ao verde das ervas e ao amarelo das flores das azedas.

Depois fiquei a pensar em muitos bichos que têm os seus nichos onde fazem prosperar a sua vida, uns em Adrão, outros bem longe, por outros azimutes e, tanto eles como nós, morremos e abalamos para um outro mundo desconhecido, deixando o nosso corpo em qualquer esquina deste nosso mundo.

De repente, depois desse acto fúnebre, lembrei-me de outros bichos, como os escaravelhos que apanham as minhocas para comer, se calhar são todos e de outros insectos como as abelhas sobre as quais estudei algo que me diz que a abelha tem uma vida média de 42 dias. Creio que não sonhei isto, devo ter visto em qualquer lado!

Saltando de bicho em bicho, fui parar à vaca-loura! 

 

 Uma vaca-loura ou lucano; foto tirada da Wikipédia

Que comerá a vaca-loura? Será apenas vegetariana? Come folhas, rebentos, ... e que mais? Será que também devora minhocas e outros vermes como outros escaravelhos?

As vacas-louras são uns bichos dignos de partilharem das caminhadas do Ventor. Não imaginam  o que eu tenho feito para tentar obter uma vaca-loura e fazer com que ela caminhe a meu lado! Eu encontrava vacas-louras, desde as suas larvas, sob as cascas dos carvalhos de Adrão. Pela Açoreira, Curral das Cabras, sei lá, de vez em quando, encontrava grandes larvas de vacas-louras (levam 7 anos a tornarem-se bicho adulto) e via aqueles mastodontes adultos a voarem em volta da minha cabeça, rumando com destino a algures. Tirando Adrão, encontrei uma vez uma, junto a uma barragem no Alentejo e quase a fotografei quando pousou num sobreiro à minha frente mas, quando me viu armado em paparazzi, arrancou para nunca mais a ver.

 

 Um escaravelho conhecido por Hércules; foto tirada da Wikipédia

Que andava esse bicharoco a fazer pelo Alentejo? Ali só havia sobreiros e azinheiras, mas ninguém me garante que não haveria carvalhos por ali, algures, bem perto. Mas também pode ser que esses bicharocos se procriem sob a casca de sobreiros ou azinheiras, ou os dois. Tenho visto representados, em fotos de Obras de Arte egípcias, vários escaravelhos e sei que os escaravelhos existem por muitos sítios do mundo, mas desconheço se alguma vez, lá pelo Egipto dos Faraós, apareceu uma vaca-loura. Se aparecesse, o Faraó estaria tramado para mandar fazer uns brincos de ouro e marfim, do tamanho da vaca-loura para uma das suas consortes mais egoísta. Ou a sua consorte ficaria sem orelhas ou, então, se ela se zangasse com o faraó e lhe arremessa-se o brinco, teriam funeral!

 

Um escaravelho, uma da belas espécies de Coleópteros; foto tirada da Wikipédia

As vacas-louras ou lucanos como dizem os espanhóis e se calhar por cá também, são uma família que pertence à ordem dos coleópteros e, para quem ainda não sabe, existem, nesta ordem, mais de 350.000 espécies, sendo, segundo dizem alguns especialistas, a vaca-loura o maior coleóptero existente na Europa.

Será que voltarei a encontrar, por Adrão, uma belíssima vaca-loura? Haviam pessoas quando eu era miúdo que possuíam belíssimos cornos de vacas-louras, pendurados ao pescoço ou na carteira, para utilizar como força contra o azar, o mau olhado, as bruxas, ou os três.

Não me importava de ter uma coisa dessas!

 

 

Casa Velha.jpg

A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira