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As Caminhadas do Ventor

... por aí

As Caminhadas do Ventor

... por aí

No cabeçalho, a ponte romana de Cangas de Onis, sobre o rio Sella. Uma maravilha por onde caminharam romanos, árabes e tantos outros.


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Um lago de Covadonga que retrata as belezas dos Picos da Europa, nas Astúrias


O Ventor saiu das trevas para caminhar entre as estrelas.
Ele continua a sonhar, caminhando, que as estrelas ainda brilham no céu, que o nosso amigo Apolo ainda nos dá luz e que o nosso mundo continuará a ser belo se os homens tentarem ajudar...

Depois? Bem, depois ... vamos caminhando!

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Voltei aos Corredores ...

... aos Corredores do Desespero.

Os corredores do Desespero já fazem parte integrante das caminhadas do Ventor. Da sua Grande Caminhada.

 

A tristeza numa cama de qualquer hospital

Tudo começou nos anos 60, no Hospital de Vila Cabral, onde entrei uma vez, para ver se um "turra" que ajudei a evacuar do Lunho, no Distrito do Niassa, no Norte de Moçambique, para aquele Hospital, tinha sobrevivido. Sofremos imenso com a evacuação daquele rapazito de 18 anos, já com treino militar em Moscovo e em Argel e era, então, um desgraçado que fora levado a lutar contra Portugal, no Norte de Moçambique. Ainda hoje estou para saber como aquele Hospital, lá no fim do mundo, safou a vida daquele puto. Ele tinha 18 e eu 23 anos. Mais tarde por várias vezes, no Hospital de São José, do Santa Maria, nos Capuchos, em Lisboa, no hospital Amadora-Sintra, na Clínica da Reboleira (a célebre cama 24), no Hospital da Luz e, agora, mais corredores...

 

Uma olhada pela janela

Desespero para mim e para todos que circulavam a meu lado. Uns encafuados em camas de grades levantadas, desesperados com dores, naquela grande sala de cuidados intensivos submetidos aos grandes medicamentos, anti-dores, como morfina e corticóides vários ...

Outros, encostados às paredes do corredor, espreitando a oportunidade de poderem entrar para observarem, olhos nos olhos, aqueles que os levaram lá. Depois, outros corredores! Os corredores da esperança onde todos procuram terminar com as dores. Uns, carregam a campainha da esperança, para tomar os medicamentos da esperança, outros para o banho regenerador.

 

Todos por todos mas, a vida num hospital é muito triste, mesmo quando sentimos que estamos bem acompanhados.

Depois, mais dia menos dia, chega a hora da esperança. Há sempre uma hora para a esperança!

 

 

Os lindos cravos brancos que também choram

O homem da bata branca, entra e já sabe tudo. Tudo está no seu computador. Não tem necessidade de se debruçar sobre os pés da cama para ler os relatórios da enfermagem. Ele segue tudo à distância, no seu computador, onde prescreve eventuais alterações e trabalha por amor ao próximo e por amor ao êxito. Ter êxito faz parte da caminhada de qualquer um. Qualquer homem faz por ter êxito nos trilhos da sua vida. Ter êxito é função de qualquer médico e esse êxito pode e deve ser transferido para os seus doentes através da palavra mostrando-lhe que, o interesse do doente é, também, sempre, o interesse do médico. Não há nada melhor para um doente do que uma relação de confiança entre ele e o seu médico e, há médicos que conseguem isso com  relativa facilidade.

Foi assim com o meu "malmequer amarelo" e com o médico que lhe transmitiu confiança para ter em mente que vai ser possível refazer a sua caminhada.

 

As fadas de Neptuno choraram muito

"Como se sente"? Muito melhor Doutor! Réu-téu-téu, daqui, réu-téu-téu, dali.

"vou-lhe dar alta. Quer sair hoje ou amanhã"? «Se posso, quero sair já hoje». "Pode. O que faz aqui pode fazer em casa". "Para a semana não vou cá estar. Vou lhe marcar o dia para tirar os agrafos e para mais tarde fazer um exame para verificarmos se tudo está no seu lugar".

O médico sai e ela, armada em valente, diz-me: «levas-me beber um café à Vela Latina? Quero ver o Tejo»!

Saiu do hospital de pantufas e, disse que queria era ir para casa ...

Mesmo assim, ainda fomos comprar umas chinelas baixinhas e beber o café a Alfragide.

 

 

Elas quiseram regar a esperança do Ventor

Agora vem a parte mais interessante - coisas do Ventor. Chegou deitou-se e eu deitei-me a seu lado. Tocou o telefone e alguém disse que a enxurrada já galgava as pontes. Quando nos deitamos caiu um daqueles trovões que parecia arrasar tudo! Mais uns atrás dos outros e grande chuvada. Cheguei e vi o cisne a dançar, só, nas águas turvas. Corri a vestir-me e saí. Quando cheguei já as águas estavam normais. Isto, apenas para vos dizer que os meus amigos, sobrenaturais, também estão sempre comigo. Os raios de Vulcano, as águas que correram rio abaixo, foram a mensagem do choro das musas de Neptuno. Depois apareceram os raios de Apolo e a confirmação de que todos estão connosco.

Esta é a esperança. Veremos!

 

 

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A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira

Campeão dos Campeões

Um dia teria de ser assim!

O "Campion", teria de acabar por ser, o "Campeão dos Campeões"!

Um dia, quando eu acordei para o futebol, ouvia falar do Porto, como ouvia falar do Braga, do Sporting, do Benfica, do Belenenses, do ...

Era um puto e não conhecia os meandro podres do futebol!

uei a Almada, onde fui trabalhar com o meu amigo Joaquim da Chica que Deus tem e, num domingo, procurei acompanhar sobre os "muros", o duelo do Almada e do Cova da Piedade. Fiquei desiludido com a pancadaria!

Oito meses depois, vim trabalhar para Lisboa onde comecei a acompanhar aquelas "estafetas gloriosas" do Benfica. Era um tempo onde toda a gente queria ser do Benfica. Conheci um porteiro do cinema Monumental e, através dele, o seu irmão, gerente dos bares de, pelo menos, três cinemas. Eu tinha as velhas portas do Monumental abertas e o dono daquilo era um benfiquista fanático. Aliás, eram todos benfiquistas. Os jogadores do Benfica eram convidados pelo patrão do Monumental, a assistir a um ou outro filme e era um privilégio, para mim, poder beber um café com o Eusébio, o Coluna, o José Augusto, o Águas, ... todos! Eu, através desses amigos, entrava para junto deles e, por duas vezes, tive o privilégio de ver a Hermínia Silva, pedir aos jogadores para fazerem manguito (o toma do Bordalo Pinheiro), aos seus próximos adversários. (A Hermínia, de pé, sobre uma mesa, "Oh, José Augusto. Vós tendes de lhe fazer o manguito português"! Por várias vezes, esses homens que, com galhardia, levavam longe o futebol português também foram meus ídolos! Mas foi por pouco tempo. Lá longe, para norte e para trás, tinha ficado o meu Porto.

 

Um dia, um amigo, por me ver defender o FCP, contra benfiquistas, apareceu-me com um embrulho e disse-me: "amigo Ventor, tenho aqui uma coisa para si que, creio, vai gostar". Isto, após Viena e Tóquio. "Ofereço-lhe este livro, «F.C.P. - Campeão dos Campeões», e ofereço-lhe este azulejo com os campeões de Viena, autografado por todos eles".

Obrigado amigo. Já passaram anos mas, para mim, continuam relíquias!

Eram os tempos em que, sempre que o Futebol Clube do Porto se deslocava a Lisboa, lhe chamavam os "Andrades". "Vêm aí os Andrades"! Eu não tenho nada contra os Andrades mas, nessas alturas, a palavra "Andrades", cheirava-me mal. Saía da boca de alguns benfiquistas com um bafo mal cheiroso! Um hálito nojento!

Um dia, nos Restauradores, vi alguns jogadores do FCP, serem mal tratados com palavrões nojentos, daqueles que no Norte não parecem mal mas, aqui, tresandavam a fedor. Porque no Norte, quase nunca são insultos mas, aqui, eram!

Li, uma vez, um artigo de alguém que dizia que os Andrades, mal passavam o Douro, rumo a Lisboa, já tremiam. Tudo o que eu ouvia da boca de muitos benfiquistas, meus conhecidos, tresandava.

Depois, o José Maria Pedroto passou a vir com eles e acabou a tal tremideira. O Zé do Boné, só por isso, valeu tudo. Para mim, ele passou a ser o terror dos tais que abusavam das deixas da linguagem do futebol. O Futebol Clube do Porto deve muito a muita gente, mas o Pinto da Costa e o Zé do Boné, jamais serão esquecidos nessa instituição.

Com o Pinto da Costa tudo passou a ser diferente. O Porto chegou a esse lugar merecido, no destaque do futebol português, do Futebol Europeu e do Futebol Mundial.

Os Filhos do Dragão!

Eles até sabem cantar

Começou a ganhar campeonatos, a ganhar taças, a trepar na Europa e de que maneira! Em trinta anos, pouco mais, pedala ao lado dos maiores da Europa!

Isso deve-se, fundamentalmente a um homem: Jorge Nuno Pinto da Costa. Foi ele que foi buscar o Pedroto - treinador da reviravolta - o Artur Jorge, o Ivic, o Mourinho, ... o Vilasboas!

Com eles, ganhou campeonatos, taças, supertaças, duas Taças dos Campeões Europeus, duas Taças UEFA, Uma Supertaça europeia, duas Taças Intercontinentais. Sete, no total!!! Com elas e, por elas, podem beber o vinho do Porto.

Os seus principais adversários, ficaram-se pelas duas conquistadas no tempo da Idade da Pedra do Futebol.

Não será fácil para um clube português, voltar a atingir esses pódios com tamanha assiduidade.

Por isso, direi sempre: Viva o Futebol Clube do Porto!

Obrigado pelas alegrias que me têm dado. Não é por nada, mas sabe bem! Sabe ainda melhor quando vejo abater, sem dó nem piedade, os ratos dos túneis!

 

 

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A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira