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As Caminhadas do Ventor

... por aí

As Caminhadas do Ventor

... por aí

No cabeçalho, a ponte romana de Cangas de Onis, sobre o rio Sella. Uma maravilha por onde caminharam romanos, árabes e tantos outros.


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Um lago de Covadonga que retrata as belezas dos Picos da Europa, nas Astúrias


O Ventor saiu das trevas para caminhar entre as estrelas.
Ele continua a sonhar, caminhando, que as estrelas ainda brilham no céu, que o nosso amigo Apolo ainda nos dá luz e que o nosso mundo continuará a ser belo se os homens tentarem ajudar...

Depois? Bem, depois ... vamos caminhando!

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As Oliveiras

A oliveira é uma árvore. Mas a oliveira não é uma árvore qualquer. É uma árvore de madeira dura e fornece-nos as azeitonas e o azeite. Já há milhares de anos que os homens do neolítico ou do final do neolítico sabiam extrair o seu óleo - o azeite - que sabiam aplicar na alimentação, na combustão ou como unguento. As velhas candeias de azeite aparecem em escavações arqueológicas de velhos tempos e velhos templos, tal como no palácio de Cnossos, em Creta.

Falar da oliveira, seria falarmos, também, de várias civilizações, antes da era cristã e também durante a era cristã. Talvez uma das primeiras civilizações onde se prosperou com o cultivo da oliveira e o comércio dos seus derivados, azeitonas e azeite, tenha sido a civilização minóica. Mas apesar das oliveiras serem de origem asiática, sul do mar Cáspio, Pérsia, elas terão estado sempre presentes em redor do mar Mediterrâneo, na vida dos Fenícios, dos Hebreus, dos Cartagineses, dos Romanos, dos Gregos, ... chegando até aos nossos dias, desempenhando um papel primordial nas nossas civilizações mais modernas, como a espanhola e a portuguesa.

Uma oliveira com muitos séculos, milénios (?) ...

Mas, como em tudo, para além das azeitonas e dos azeites, como seria se vivêssemos nos tempos em que as árvores falassem?! Como seria se as oliveiras nos contassem as suas histórias? Recordo-me, quando era pequenino, os velhotes da minha terra, onde quase ninguém sabia ler ou escrever e os que sabiam, saberiam muito mal, iniciarem as suas histórias assim: "era uma vez, nos tempos em que os animais falavam", ... "Era uma vez, nos tempos em que as árvores falavam", ...

Não sei como seria mas posso calcular como seria ouvir uma oliveira falar comigo!

Por isso, uns anos atrás, num dia solarengo, caminhava eu nos campos do Ribatejo, tentando encontrar uns mochos que me desafiaram para uma cantoria. Saí de uma estrada e entrei noutra de terra batida, uma espécie de picada africana, ladeada de campos floridos, por onde rodarão uma ou outra viatura, além de tractores. Por fim, vejo ao lado dessa estreita estrada, umas oliveiras mas eu só levava os olhos apontados aos pássaros e às flores, para além de ir observando a paisagem.

Por fim, observando umas sombras, lancei o meu olhar sobre as árvores que lhes davam origem. Verifiquei logo que se tratava de oliveiras isoladas, uma aqui outra ali e todas de troncos retorcidos mas, duas delas, eram realmente autênticos monumentos às oliveiras e aos homens que as podem observar.

Uma oliveira no Ribatejo

Nesse dia, durante essa caminhada, sentei-me à sombra desta oliveira.

Das reentrâncias do seu tronco, uma voz me disse: "estás sentado no mesmo local onde se sentou Dom Fuas Roupinho"! De certeza que não fomos só os dois, disse eu. "Não! Aqui tem-se sentado muita gente. Romanos, árabes visigodos, lusitanos, D. Fuas, tu e até ribatejanos". Pois, mas os ribatejanos estão na terra deles! "Sim, e até eles o conseguiram, porque esta oliveira resistiu aos milénios"!

Há pouco tempo, observei oliveiras extraordinariamente velhas, na Quinta do Lorido, para os lados do Bombarral e, há dias, na Quinta da Bacalhoa, em Azeitão. Estas quintas são propriedades do Joe Berardo. As oliveiras são, sem dúvida, autênticos monumentos das civilizações ditas mediterrânicas.

Há muitos anos, logo na sequência do 25 de Abril, estava sentado no escritório onde trabalhava e recebia um colega novo, que tinha saído da Força Aérea e tinha andado num helicóptero a fazer estudos para a implantação da então futura Barragem do Alqueva, no Alentejo. Perguntei-lhe qual a opinião dele sobre a hipotética barragem e ele depois de várias dissertações, disse-me: "olha Ventor, quanto a mim, a barragem já devia estar feita, já cheira mal tanta hesitação. Ou temos dinheiro e fazemo-la, ou não temos dinheiro e ficamos quietos. A mim, só me faz impressão alagar oliveiras com muitas centenas, até milhares de anos".

 Uma oliveira plantada pelos romanos em 300 A.C.

A placa escrita por alguém para quem esta oliveira falou

Depois apareceram empresas a quererem comprar as oliveiras para as voltar a transplantar nos seus locais para isso determinados. Só empresas e empresários com disponibilidade de capital podia meter mãos a essa obra. Foi o caso do Joe Berardo. E sabem que eu até comecei a simpatizar com o homem?!

Mas o Joe Berardo e seus assistentes, tentam, com as oliveiras do Alqueva e não só, tornar este mundo mais belo para cada um de nós. E foi por isso que, quando entrei, ali encontrei velhos amigos como Diana e Apolo que me contaram as histórias das oliveiras que eles viram crescer, por esse mundo fora bem como as histórias que eles foram ouvindo, vindas dos troncos retorcidos, sobre todos aqueles que pisaram a Península Ibérica e por entre elas caminharam, juntamente com os meus amigos Apolo e Diana.

 O cão guardador das oliveiras

Mas o Joe Berardo não se esqueceu de arranjar um cão, azul como o Ventor gosta, para guardar as suas oliveiras. Este cão é grande como o cão que tinha o meu amigo Nemrod, na Caldeia.

A minha amiga Diana tenta tirá-lo dali para levar nas suas caçadas mas ele não está disposto a deixar as oliveiras abandonadas. Tal como fazia o cão de Nemrod, também este não vai com Diana. Nesses tempos quando eu e Diana caminhávamos pelas margens do rio Eufrates, o cão do meu amigo Nemrod só ia com o dono e comigo.

Talvez um dia o Finitro me dê forças para acompanhar Diana em mais umas caçadas e, então, o cão azul poderá ser nosso companheiro de outras fabulosas caminhadas.

 

 

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A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira

Tordesilhas ...

... o sonho e a realidade.

Um dia passei em Tordesilhas. Pus a mão a servir de pala, observei o horizonte, lancei uma olhada sobre o rio Douro e rodamos rumo à E80.

Ao sair de Tordesilhas ainda tive tempo para olhar uma estátua de rainha com a coroa na mão, numa posição de entrega. Apontei a máquina pela janela do carro e tirei três fotos a essa rainha, um pouco atabalhoadamente.

Escusado será dizer que achei essa estátua muito bonita. Uma autêntica obra de arte. Essa estátua transmitia-me a alma de alguém que cabia tão perfeitamente nessa obra de arte.

Ela representaria uma rainha, mas qual? Não liguei muito porque achei eu, seria a rainha Isabel de Castela, a conquistadora de Granada. Tordesilhas representava o Tratado, para mim e a alma incrustada naquela estátua, seria a Rainha do Tratado.

 
Tratado de Tordesilhas (7 de Junho de 1494)
 
Há dias, quando preparava um périplo por terras de Castela e Leon, tropecei numa foto igual à minha. Achei que a estátua de Tordesilhas não tinha nada a ver com a Rainha Isabel I de Castela e, step by step, cheguei à rainha Joana "a Louca".
 
Chamavam-lhe "a Louca" mas, a conclusão que eu tirei foi de que se tratava de uma pessoa muito especial. Ela foi levada a casar com alguém que não conhecia mas, segundo reza a história, apaixonou-se perdidamente por aquele que lhe foi apresentado para seu futuro esposo.
 
Como era usual, os reis católicos de Espanha, seus pais, a Rainha Isabel I de Castela e o rei Fernando II de Aragão, negociaram com o Imperador Maximiliano I, o casamento da sua filha Joana com Filipe o Belo, Arquiduque de Áustria e mais mil e umas coisas, filho do Imperdaor da Alemanha.
Joana "a Louca". Parece que está interessada a entregar a coroa aos castelhanos!
 
Aquelas vidas de cá e lá, entre Castela e Flandres, não era a ideal para Joana que adorava o seu marido e as lides das vidas que levavam mantinham-nos demasiado afastados e diz-se que acabou por levar uma vida tresloucada permanecendo por Tordesilhas, 46 anos, onde foi encerrada por seu pai em 1509 depois de herdar a coroa de Castela em 1504. Quando seu pai morreu, seu filho herdou as coroas de Castela e Aragão
 
Seu filho Carlos herdou a coroa de Aragão e Castela, como Carlos I e o Sacro Império Alemão como Carlos V.
 
Joana a Louca sofria de esquizofrenia como sua avó, Isabel de Portugal, que foi rainha de Castela e Leon e, Carlos V, seu filho sofreu do mesmo mal.
 
Por isso, talvez eu vá fazer uma caminhada até Tordesilhas para conversar com a estátua que contém a alma de Joana "a Louca", cujos ossos, bem como os de seu marido, se encontram na capela real de Granada.
 
Ventor em Burgos
Talvez o Ventor tenha algo para ainda ouvir em Tordesilhas!
 
 

 

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A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira