O Ski deixou-nos
O Ski era meu amigo. Já é o segundo amigo que perdi no Lugar do Sol.
Sky
Quando eu partia para as minhas caminhadas, eles todos corriam a despedir-se de mim no portão, mas o Ski olhava-me sempre com uma doçura sem fim, naqueles olhos avelãs. Quando eu estava no campo, do lado contrário, era ele sempre o primeiro a ladrar. Espreitava-me por entre os arames e ladrava. De repente estava lá a matilha toda. O Ski e os perdigueiros.
O Ski tinha uma casa. Ele gostava muito da sua casa. Tanto nesta como na outra, ele deixava os seus amigos dormirem com ele. Viviam juntos, comiam juntos, sonhavam juntos.
Eles gostavam das suas casas debaixo do Telheiro, mas o Ski, teve direito a uma só para ele. Tinha quase 12 anos e os donos quiseram dar-lhe mais recato e conforto devido à doença. Mas eles não abandonavam o Ski. O último a chegar ficava quase todo de fora. Tal como os mosqueteiros, não diziam "um por todos e todos por um" mas diziam: "o que é do Ski é nosso e o que é nosso é do Ski"!
Quando eu chegava, mais pareciam uma "matilha de lobos" em volta da presa que uma matilha de cães a receber um amigo. Todos me queriam tocar, lambuzar, agarrar, cheirar. E todos me diziam, "não trouxeste o gato"? Porque nunca trazes o gato"? Porque se o trouxesse Ski, tu eras o primeiro a dar-lhe uma dentada. "Não dava nada porque sei que é teu e isso era quanto bastava para não-lhe fazer mal". Porque não seria assim?
Eles eram todos amigos e o Ski adoptou os filhos da Maria e do Gaspar como se fossem dele. Como diz a célebre canção, "amigos para siempre"
O Ski tinha uma maneira especial de me olhar, de se chegar e de se colocar a meu lado. Acompanhava-me sempre todo discreto. Os outros aproximavam-se, agarravam-se a mim, uns estroinas maravilhosos mas o Ski olhava, aproximava-se e parecia-me dizer, calmamente, que a amizade deles era igual à dele.
Depois apareceu outro amigo - o Santiago
O Santiago gosta de todos mas tinha um carinho especial pelo Ski
"Ele é meu amigo, ele não xe janga"! Eu tenho a certeza que sim, Santiago
Aproximava-se do Santiago sempre num estilo protector. Parecia dizer-lhe, "estou aqui, contigo, Santiago". Na última vez que estivemos juntos, o Santiago agarrava-se-lhe, fosse onde fosse, até nas orelhas. Eu disse ao Santiago: não te agarres tanto às orelhas do Ski, Santiago que ele pode zangar-se, se o magoas. O Santiago tinha tanta confiança nele que me respondeu: "ele é meu amigo. Ele não xe janga"!".
Nunca mais te vais esquecer dele Santiago
É difícil perder um amigo e o Santiago começa cedo a aprender quanto custa. Até a mim vai custar muito quando lá chegar e não me aparecer aquele olhar especial do Ski. Mas a vida é assim, feita de atropelos permanentes em que uns ficam e outros vão partindo primeiro. O Ski nunca nos abandonará porque continuaremos a vê-lo em fotos e continuará no nosso cérebro a saltar e a correr pelo Lugar do Sol.
Deixo aqui duas flores que estavam na piroga, em 02 de Abril passado. A amarela já era minha conhecida mas a vermelha não e ele não me largava e olhava para mim e para as flores como que a tentar perceber-me
Mas, quer queiramos quer não, o Santiago, os pais, o Ventor, ... toda a família e amigos, ficamos sem o nosso amigo Branco de Weimar ou Weimarner, o nosso amigo Ski.
Foi em 8 de Maio de 2016 que o Ski se despediu dos seus amigos e de todos nós, dos amigos e da família. Os últimos anos da vida dele, foram de tudo o que havia de bom, sem fome, sem frio, feliz. Tinha uns donos que o adoravam. Devido à doença, a sua dona ia tapa-lo à noite e conversava com ele. Diz-se muito sortuda por fazer parte da sua vida. Vai colocar no seu lugar um cedro e uma linda planta selvagem e assim ficaremos sempre juntos.
Podes crer Cristina que estará sempre connosco. Irei procura-lo no meio dos seus amigos e não o encontrarei mas continuaremos juntos.