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As Caminhadas do Ventor

... por aí

As Caminhadas do Ventor

... por aí

No cabeçalho, a ponte romana de Cangas de Onis, sobre o rio Sella. Uma maravilha por onde caminharam romanos, árabes e tantos outros.


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Um lago de Covadonga que retrata as belezas dos Picos da Europa, nas Astúrias


O Ventor saiu das trevas para caminhar entre as estrelas.
Ele continua a sonhar, caminhando, que as estrelas ainda brilham no céu, que o nosso amigo Apolo ainda nos dá luz e que o nosso mundo continuará a ser belo se os homens tentarem ajudar...

Depois? Bem, depois ... vamos caminhando!

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Há Falcões sobre a cidade!

Há algum tempo atrás, ali por Miraflores, enquanto fotografava flores lindas e procurava perdizes, amigas de velhos tempos, mas que embirram comigo por me armar em paparasi, coloquei os meus olhos a perscrutar os céus envolventes.

Qual não foi o meu espanto ao observar os meus amigos peneireiros, esvoaçando em belas danças nupciais, em redor das torres de Miraflores.

Segundo a Wikipédia, esta menina é aquilo a que os especialistas chamam de Falco Naumanni (Peneireiro das Torres), fotografada por Neil Gray, na África do Sul, em 26 de Fevereiro de 2006. Poderá ter iniciado, por essa altuta (quem sabe?), o seu voo para a Europa

Quando eu era puto, adorava estes animalzinhos aéreos que, mesmo parecendo que não, devido à orografia do terreno, nas minhas Montanhas Lindas, eles também por lá andavam e não eram nada poucos. Com o tempo, habituei-me a vê-los, lá pelo Niassa, em Moçambique, durante os meus tempos de caçadas.

Por fim, durante anos, perdi o contacto com esses animais alados, devido ao predomínio das alcatifas coloridas  lisboetas. Mas um dia, frente à academia militar, na Amadora, houve uma dessas belezas que se pôs a peneirar o terreno, mesmo em frente ao meu para-brisas e, até parecia, desafiar-me, a acompanhá-lo. Parei o carro, tirei a máquina e apontei mas, com todos aqueles movimentos desorganizados, ele assustou-se e partiu. Para mim, que desde o Niassa não avistara mais nenhum desses amigos, fiquei estupefacto e, naquele local, até me pareceu uma coisa de outro mundo!

Estes meninos foram também fotografados por Neil Gray, na África do Sul, em 25 de Fevereiro de 2006, um dia antes da foto anterior

A partir daí, tomei-lhe o pulso e nunca mais os larguei!

A mim, fez-me impressão, encontrar, lá por terras Áfricanas, velhíssimos companheiros dos meus primórdios e, depois, continuei a ficar impressionado por vê-los em locais que nem a sonhar os imaginava.

Mas, se a vida é cheia de surpresas, hoje, já não me sinto nada surpreendido! Comecei a ver esses amigos por zonas saloias, por Sintra, por Queluz, por Monsanto, pelo Alentejo e, agora, por locais impensáveis, como vê-los por Miraflores a dançar a sua dança do amor e por Benfica a correrem a ajudar um filhote que apenas lutava para sobreviver!

Estes são pequenos momentos que me demonstram como a vida pode ser tão bela e como nós podemos vivê-la como se todos fôssemos, porque somos, não é, do mesmo mundo!

Em Benfica, arrumei o carro, e achei um som estranho, apercebendo-me de um voo que me pareceu anormal!

Saí fora do carro, ao mesmo tempo que pegava na máquina e deparei com dois belos animais pousados numa pequena árvore, um a tentar dar de comer a outro. Ainda apontei a máquina mas já não deu para o shot!

Assim, de 2ª a 6ª feira, acompanhei a beleza voadora dos falcões das torres que, como sabem, são muito semelhantes aos peneireiros comuns.

Fico muito satisfeiro por saber que, animais que estiveram em vias de extinsão, caminham hoje a meu lado. A nosso lado, embora eu acredite que muitas pessoas reparem neles e nem sabem o que têm pela frente!

Depois de fazer um pequeno estudo destes amiguinhos, verifiquei que, segundo dizem os especialistas, eles são migradores e esvoaçam entre a Europa e a África, chegando, pelo menos, até cerca da metade Oeste de Moçambique, englobando o velho Distrito do Niassa. A certeza que eu tenho é que os vi no Niassa e nem imaginam de tão espantado que fiquei, quando vi um destes peneireiros a peneirar o ar à minha frente e, de repente, pousar numa pequena árvore, virado para mim. Apontei a Browning e, sem dar ao gatilho, fiz "pum", com a boca, dizendo: "é só um beijinho"! Provavelmente, descendentes desse menino, andam hoje por aí!

Mas, mesmo sem a sinalização no mapa, em baixo, tenho também a certeza que vi uma ave destas em Nacala, num momento que, caminhando para a praia, entre os cajueiros, apreciava estas árvores e a bela passarada que esvoaçava por ali. Um falco naumanni, em voo razante, aparecia entre os cajueiros. O que eu não sabia era que eles migravam. Limitei-me a pensar que, afinal, não estava em terras de fim de mundo!

Neste mapa, segundo os especialistas, podemos ver os movimentos dos Falco Naumanni, entre a Europa e a África:

1 - A zona amarela é a área de nidificação;

2 - A Zona azul é a área de invernada;

3 - A zona verde é a zona de residência permanente.

Hoje, ando todo encantado com estes meus amigos de algumas caminhadas, e sei que eles ou os seus irmãos, chamados da "falcões comuns", continuam por aqui no inverno. Porque, talvez como as poupas, se vão adaptando aos nossos locais paradisiacos e achem que, afinal, não vale a pena desperdiçar tantas energias para fazer tantos milhares de quilómetros, para lá e para cá, quando, por aqui, eles têm tudo que precisam.

Mas, ainda voltando aos peneireiros da Luz, depois de um dos papás, darem de comer na árvore a um dos seus filhotes, eles levantaram voo e, um outro, o outro papá, deduzo eu, foi em voo para o Estádio da Luz, e eu, sempre na ânsia de os fotografar, fiquei à coca com a esperança de concretizar os meus objectivos, mas limitei-me a ver os outros seguir-lhe as peugadas.

Ao vê-los sair, inventei um nome e chamei, ao que suponho ser o chefe da família, Alçada!

«Tu sabes o que é isso aí, Alçada»?

Ele respondeu: "Sei perfeitamente, Ventor, isto aqui é o ninho da "pêga"! Não é assim que lhe chamas"?

«É. Mas é apenas para chatear os benfiquistas. Alguns benfiquistas»!

"Ora Ventor! Eu sei que tu não podes chatear a Dona do Quico, senão ela faz-te a vida negra, mas com a minha ajuda talvez um dia te safes. Talvez, quem sabe, um dia, me predisponha a driblar a águia e a leve a perder forças quando tiver de enfrentar o teu dragão! E para isso, vou ter de conhecer o terreno. É isto que faço neste momento. Um dia a águia será largada de lá de cima, em direcção ao relvado e eu vou aparecer para lhe colocar entraves no caminho. Quando ela me ver, vai ficar doida e perder o tino!"

Este peneireiro das torres, ou falco naumanni, é a minha beleza de Benfica!

Mas eu tive de informar aquele malandro que não era necessário fazer trapaças à águia Vitória, pois o Luis Filipe Vieira encarregar-se-ia de tudo isso!"

Claro que não sei se ele é capaz de atacar a (o) minha (meu) amiga (o) Vitória, mas já assisti, na serra da Mira a, três lindos amigos destes, enfrentar uma águia, não em luta serrada, mas a chateá-la ao máximo, embora, nada parecido com a história que conto por aí  na luta da águia com o milhafre, a que chamei "Memórias de um Combate"! Claro que um falco naumanni, não é o mesmo que um mihafre.

Ele ainda me permitiu mais esta foto e a 3ª, já em voo, ficou péssima. Apenas vemos a bela silhueta de um belíssimo animal. Quase a sua alma. Mas tentarei sempre que possa!

Há dias, no IC 19, junto à saída para a Amadora, uma beleza destas ficou a voar muito lento, junto ao para-brisas do meu carro e, eu, tive a oportunidade de reduzir um pouco a velocidade, e olhando a beleza dos seus movimentos, acompanhei-o com os olhos enquanto me foi possível até ele pousar sobre um poste eléctrico mais em frente mas, atendendo à hora, não me foi permitido tentar captar aquela coisa linda.

Mas quem sabe, um dia, voltarei a este tema?

 

 

Casa Velha.jpg

A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira

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