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As Caminhadas do Ventor

Pelos Trilhos da Memória

As Caminhadas do Ventor

Pelos Trilhos da Memória

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O Ventor saiu das trevas para caminhar entre as estrelas.
Ele continua a sonhar, caminhando, que as estrelas ainda brilham no céu, que o nosso amigo Apolo ainda nos dá luz e que o nosso mundo continuará a ser belo se os homens tentarem ajudar...


Depois? Bem, depois ... vamos caminhando!


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15.12.12

Hospital Amadora-Sintra ...


Ventor

... onde o hall do descontentamento, esconde os Corredores do Desespero.

Olá, amigos!

Eu sou o Pilantras, o novo amigo do Ventor. O Ventor disse-me para eu escrever aqui, tudo o que lhe ouvi, tal como o Quico fazia nas caminhadas da sua Arrelia - a Arrelia do Quico!

O Quico contava-vos coisas várias, entre elas, algo sobre os Corredores do Desespero, corredores por onde o Ventor já caminha há muitos, muitos anos! O Ventor disse-me que, a vida de muita gente, de muitos dos seus amigos, foi ou é preenchida por muitos troços trágicos, ou trilhos trágicos das suas caminhadas. Ele diz-me que, desde que existe, se recorda de Corredores do Desespero, por vários sítios por onde andou.

No Hospital de S. José, na Clínia da Ordem Terceira, em Lisboa, no Hospital de Vila Cabral, em Moçambique e, o Ventor não se esquece que, é nos Hospitais, que os amigos e os inimigos se encontram ou reencontram e, quando o Ventor foi saber se o inimigo que ajudou a evacuar numa DO-27, tinha sobrevivido, ficou a saber como os seus olhos brilhavam quando aquele puto de 18 anos, sorria para o Ventor, um pouquito mais velho.

Mais tarde, os Corredores do Desespero continuaram e continuam, a sufragar o espírito do Ventor. Pelo S. José, pelo Santa Maria, pelo Hospital de Santana, pelo Instituto Português de Reumatologia, pela Clínica da Reboleira, pelo Hospital da Luz, pelo Hospital da Cuf Descobertas, pela Clínica da Luz, na Amadora, pela Clínica do Parque dos Poetas, em Oeiras, por vários consultórios e por outros locais que não enumero aqui, pelo Hospital da Amadora-Sintra, como quinta-feira passada, esses locais e instituições, fazem parte inesquecível das caminhadas do Ventor.

Hospital Amadora-Sintra, visto do lado dos Meninos da Floreira quando, em Maio passado, o Ventor procurava, nos ares da Amadora, os seus amigos falcões, Zuzu e Margarida, certamente bem mais inteligentes do que muita gente que, por muito descontentes que estejam com a sabujeira onde estão integrados, deviam servir os seus doentes com a digniade que merecem. Assim, como assim, bem ou mal, ainda são eles que lhes pagam. A hierarquia de que dependem, são como eles, seus serventes

Pelo Hospital da Amadora-Sintra já o Ventor passou algumas vezes e conhece bem aqueles corredores das urgências e o desespero de muitos dos seus amigos que passaram por lá.

Mas o Ventor também conheceu bem aqueles corredores por onde ele próprio já caminhou desesperadamente, não pelo tratamento hospitalar mas, só a pensar como conseguira ali chegar. Coisas complicadas de que não vale a pena falar.

Quinta-feira, o Ventor voltou lá! Aquela que tinha sido a avó do Quico, a avó que foi livrar-se das esmeraldas ao Hospital de Santa Maria, foi levada em mau estado para o Hospital Amadora-Sintra. Foi uma caminhada de 86 anos encostados em pequenas esquinas do tempo. Mas o Hospital da Amadora-Sintra, não deixa entrar acompanhantes, com doentes velhos, incapazes de ouvir, de compreender e até, de locomover-se, porque esse hospital e se calhar outros, mesmo que tivessem macas robotizadas, esses doentes, exactamente pelo desespero que os envolve, não seriam capazes de carregar no botão que poria a maca a rolar para o seu objectivo.

Tanto eu como o Ventor não  gostamos de dizer mal mas temos de o fazer! Os iluminados do Hospital da Amadora-Sintra, uma cambada de incompetentes, resolveram aplicar ou ruminar uma norma, uma regra ou o que lhe quiserem chamar, de os doentes não serem acompanhados. Mas há doentes e doentes! E, como se costuma dizer, não há regra sem excepção. Há doentes que não sabem explicar nada aos médicos ou seja a quem for. No nosso caso, quinta-feira, a avó das esmeraldas do Quico, foi chamada por quatro vezes, durante uma hora, para fazer exames e, clarinho como água que, ela, na situação em que se encontrava, jamais se apresentaria para qualquer exame que fosse chamada.

Três filhas foram chamar a atenção daqueles que tinham pela frente e, sempre baseados numa tal ordem hospitalar ou saída de algum gabinete de uma coisa monstrega a que chamam ministério da saúde, não podiam entrar, até que, uma delas, até aposto que seria bem capaz de enfeixar duas belas chapadas na médica que lhe apareceu pela frente e, outra, se dirigiu ao Gabinete do Utente à procura de apoio para desatar aquele Nó Górdio, bem pior do que aquele que o tal Alexandre, um velho amigo do Ventor, um dia teve de resolver. 

Por fim, com a intervenção da funcionária do Gabinete do Utente, alguém se terá apercebido que, de facto, era vergonhoso o que se passava e as coisas, tal como as águas dos montes N'Gongo, no Quénia, teriam de seguir o rumo para a sua Mombaça.

O Ventor teve conhecimento de outros casos semelhantes, como o de uma velhota que tinha dado entrada naquele hospital devido a uma trombose, esquecida num canto e outro caso grave de que já nem se recorda. Porém, o Ventor contou-me que também assistiu durante horas, a algazarras vergonhosas para aquele hospital, na porta que dá acesso ao espaço onde é feita a triagem dos doentes, quase sempre pelos mesmos motivos.

Eu explico, tal e qual como o Ventor me disse: "os doentes chegam, entram e é feita a triagem. O doente segue e, à respectiva pessoa que o acompanha é-lhe negado acompanhar o seu doente. Para o doente, dali em diante, é só dragões!

Doentes, incapacitados de resolverem qualquer problema, são simplesmente esquecidos, na maca ou na cadeira. Foi o que se passou quinta-feira. E, a estupidez é tanta, que se limitam a chamá-los para se apresentarem no local do respectivo exame. Tal e qual como se a vida desse doente fosse uma maravilha e se deslocasse ali para jogar à bisca com o examinador.  

Para o Ventor, tudo começa ali na triagem e é por isso, que ele acha que nem fazem triagem nenhuma porque, se a fizessem, reparavam logo que esse doente, de duas uma: "ou continuava acompanhado, ou o procedimento, dali em diante, teria de ser outro. Não é preciso explicar tudo tim-tim por tim-tim, pois não?

Ora bolas! São estes os hospitais que temos? São os outros como este da Amadora-Sintra? Apenas as amostragens a que o Ventor assistiu dava para pôr alguns daqueles responsáveis a ler o livro - Etiquetas (?) e Boas Maneiras, por castigo"!

Eu, este gato vosso amigo, acabei por ver o Ventor tão irritado com um hominho que apareceu ali numa janelinha virtual a vangloriar-se dos belos exemplares de hospitais que Portugal tem, que me apetecia arranhar com estas garras, todos os aldrabões que todos os dias vão arrasando este país. 


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A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira

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