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As Caminhadas do Ventor

Pelos Trilhos da Memória

As Caminhadas do Ventor

Pelos Trilhos da Memória

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O Ventor saiu das trevas para caminhar entre as estrelas.
Ele continua a sonhar, caminhando, que as estrelas ainda brilham no céu, que o nosso amigo Apolo ainda nos dá luz e que o nosso mundo continuará a ser belo se os homens tentarem ajudar...


Depois? Bem, depois ... vamos caminhando!


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14.02.15

Tudo o Vento Levou


Ventor

 Se não for o vento é o tempo e se não for o tempo é o vento. Tudo se vai!

Também podem ser as rémiges!

Há dias, estive a observar o meu amigo Pingas, o cisne que foi por anos, meu companheiro de algumas caminhadas. Ele caminhava sobre as suas amarguras e auscultava a melodia das águas, no ciclo do seu tempo. Como sempre, ele observava-me e dava ao rabinho para demonstrar a sua alegria com a minha presença.

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 Uma das últimas fotos que tirei ao meu amigo Pingas

"Hoje não trouxe a máquina, Pingas, mas um dia destes venho cá para te tirar algumas fotos".

«Não vais não, Ventor, estou a preparar-me para abandonar esta prisão sem grades. As grades são as minhas rémiges mas, se eu conseguir distrair esses gajos e as minhas rémiges me colocarem no ar, com a ajuda do vento, eu farei o resto.

Quando eu desalojava os meus filhotes do lago, no outro sítio, fazia-o porque nós, os cisnes, colocamos os filhos fora de casa mas, eu, Ventor, fazia-o com mais afinco. Queria-os fora desta prisão que os homens me destinaram. Queria os meus filhos longe dela!

Agora, Ventor, depois de perder a minha companheira, não mais deixei de ser um cisne moribundo a deslizar sobre as águas do rio.

Não digas a ninguém, Ventor, mas eu sinto que as minhas rémiges vão salvar-me os últimos anos da minha vida se tiver alguma sorte».

Isto foi em meados de Janeiro. Voltei uns dias depois e vi, por entre os choupos, aquele grande penudo a deslizar nas águas frias deste inverno. Há uma semana, voltei a procurar o meu amigo e fui logo atingido pela amargura da incerteza. Dirigi-me aos guardas do jardim e disseram-me que o Pingas, o velho amigo do Ventor, tinha fugido. Desapareceu, simplesmente.

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 Outra das últimas fotos do meu amigo Pingas, cerca de 4 meses antes de desaparecer

Perguntei a algumas pessoas e disseram-me que ele voava imenso, rio abaixo e rio acima, exercitando-se, tal como os patos reais e, de um dia para o outro deixaram de o ver.

Oxalá que o meu amigo Pingas tenha tido muita sorte, que encontre o seu lago de sonhos, onde os cisnes e outros seus companheiros de caminhada, vivam em paz, sem serem molestados pela podridão humana. Onde as flores enfeitem as suas margens e todos juntos se espreguicem nos ares límpidos matinais, recebendo juntos e em paz, a chegada do nosso amigo Apolo.

Todos temos sonhos. Porque não haverá um cisne de sonhar? Porque não posso eu sonhar que o meu amigo Pingas ainda venha a encontrar, no fim da sua vida, um pouco de felicidade?

Espero que tenha sido assim, Pingas, que estendas as tuas rémiges e que os ventos te levem pelos teus espaços de liberdade. Tu foste das coisas mais lindas que eu encontrei na Amadora.

Nunca irei esquecer o teu pedido de ajuda para passares para o outro lado da sebe, onde se encontrava a tua companheira e os teus quatro filhotes e a alegria com que me agradecias a ajuda que te tinha dado.

Até sempre, amiguinho branco. Que o Senhor da Esfera te dê alguma felicidade porque todos os animais também merecem ser felizes.


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A casa velha, implantada na serra do Cercal, debruçada sobre o rio Mira